Episódio emblemático do período Acciolino foi sem dúvidas o que veio a
se chamar o "Pacto dos Coronéis", perpetrado por potentados de dezessete
municípios do interior cearense e que teve em Padre Cícero um de seus
mais importantes protagonistas.
Observando
a situação e movidos pela necessidade de sobrevivência política,
reuniram-se em Juazeiro do Norte em 04 de outubro , coronéis e
lideranças de dezessete municípios cearenses, com destaques para a
região do cariri, representada ali por seus principais mandatários,
como: Padre Cícero e Floro Bartolomeu, por Juazeiro; Cel. Santana de
Missão Velha, Major Zé Inácio do Barro, Antônio Luiz Alves Pequeno de
Crato, Coronel Cândido Ribeiro Campos, de Aurora e João Augusto de Lima de Lavras da Mangabeira, dentre outros. Ali firmariam um pacto de harmonia e não agressão entre si e apoio incondicional a Nogueira Accioly.
Desde
o início do século, nos idos de 1900 que no cariri cearense os
apoiadores de Accioly, potentados locais e grandes coronéis viviam
se digladiando entre si, tomando e retomando o comando das cidades "em
armas", o que de alguma forma também começava a colocar em risco o poder
central no Ceará, representado por Nogueira Accioly.
O referido pacto da amizade, que inclusive foi registrado no cartório de Juazeiro do Norte (artigo 9º em destaque acima) nasceu como uma forma simbólica de mostrar "civilidade" em tempos do "império do bacamarte". O Pacto dos Coronéis acabou se configurando em dos mais importantes episódios que retratam o coronelismo nordestino e brasileiro, mesmo não tendo conseguido seu intento principal que foi o de evitar o conflito armado entre as principais lideranças interioranas no estado, como no caso de Crato e Juazeiro na guerra de 14.
No ano de 1911, exatamente um ano antes da derrocada de Accioly, seu poder já dava claros sinais de fraqueza influenciado
por muitas questões, inclusive disputas internas entre as facções que
lhe davam apoio no interior do estado, sobretudo a luta internas nos
municípios travada pelos chamados "coronéis de barranco".
"Art.
9° Manterão todos os chefes incondicional solidariedade com o
Excelentíssimo Doutor Antônio Pinto Nogueira Acioli, nosso honrado
chefe, e como políticos disciplinados obedecerão incondicionalmente suas
ordens e determinações."
O referido pacto da amizade, que inclusive foi registrado no cartório de Juazeiro do Norte (artigo 9º em destaque acima) nasceu como uma forma simbólica de mostrar "civilidade" em tempos do "império do bacamarte". O Pacto dos Coronéis acabou se configurando em dos mais importantes episódios que retratam o coronelismo nordestino e brasileiro, mesmo não tendo conseguido seu intento principal que foi o de evitar o conflito armado entre as principais lideranças interioranas no estado, como no caso de Crato e Juazeiro na guerra de 14.
Transcrição da Ata de Abertura do Pacto dos Coroneís...
"Aos
quatro dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e onze, nesta
vila de Juazeiro do Padre Cícero, Município do mesmo nome, Estado do
Ceará, no paço da Câmara Municipal, compareceram à uma hora da tarde os
seguintes chefes políticos: Coronel Antônio Joaquim de Santana, chefe do
Município de Missão Velha; Coronel Antônio Luís Alves Pequeno, chefe do
Município do Crato; Reverendo Padre Cícero Romão Batista, chefe do
Município do Juazeiro; Coronel Pedro Silvino de Alencar, chefe do
Município de Araripe; Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, chefe do
Município de Jardim; Coronel Roque Pereira de Alencar, chefe do
Município de Santana do Cariri; Coronel Antônio Mendes Bezerra, chefe do
Município de Assaré; Coronel Antônio Correia Lima, chefe do Município
de Várzea Alegre; Coronel Raimundo Bento de Sousa Baleco, chefe do
Município de Campos Sales; Reverendo Padre Augusto Barbosa de Meneses,
chefe do Município de São Pedro de Cariri; Coronel Cândido Ribeiro
Campos, chefe do Município de Aurora; Coronel Domingos Leite Furtado,
chefe do Município de Milagres, representado pelos ilustres cidadãos
Coronel Manuel Furtado de Figueiredo e Major José Inácio de Sousa;
Coronel Raimundo Cardoso dos Santos, chefe do Município de Porteiras,
representado pelo Reverendo Padre Cícero Romão Batista; Coronel Gustavo
Augusto de Lima, chefe do Município de Lavras, representado por seu
filho, João Augusto de Lima; Coronel João Raimundo de Macedo, chefe do
Município de Barbalha, representado por seu filho, Major José Raimundo
de Macedo, e pelo juiz de direito daquela comarca, Dr. Arnulfo Lins e
Silva; Coronel Joaquim Fernandes de Oliveira, chefe do Município de
Quixadá, representado pelo ilustre cidadão major José Alves Pimentel; e o
Coronel Manuel Inácio de Lucena, chefe do Município de Brejo dos
Santos, representado pelo Coronel Joaquim de Santana."
(De Várzea Alegre participou o Cel Antôio Correia)
De: Cariri angaço
(De Várzea Alegre participou o Cel Antôio Correia)
De: Cariri angaço
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Tela representando o que teria sido o Pacto dos Coronéis
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Continua...
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