LAMPIÃO: O MITO DO HERÓI-BANDIDO



LAMPIÃO: O MITO DO HERÓI-BANDIDO


Tido como um facínora, homem sem piedade, bandido sanguinário, monstro e até como a própria encarnação do diabo, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, marcou a história do Nordeste e até a do Brasil.



Todo brasileiro já ouviu algum causo sobre Lampião. Quem nasceu no sertão há de ter ouvido milhares deles. Cada um reconta o que se julga verídico sobre a personalidade do Rei do Cangaço. E de todos estes enredos é possível extrair alguns aspectos muito marcantes. Lampião é sempre representado como um sujeito forte e destemido, quase um gigante. Não são apenas histórias ou fatos incomprovados. Lampião era muito mais do que um líder de bando.

Naquelas pedras de Angico, não ficaram somente as marcas de um extermínio. Aliás, o extermínio de Lampião não passou de uma transição de tempo e espaço: morto, ele não poderia mais ser caçado, não poderia servir a nenhum achincalhe, nem sofrer qualquer violência. Arrancando-lhe a cabeça, os oficiais cumpriram um ritual quase que de descontentamento: Lampião se transmutava em mito. Do que valia uma cabeça conservada?

Os cangaceiros que escaparam da fúria das volantes recontaram suas aventuras. A infinidade de livros biográficos sobre Virgulino Ferreira da Silva demonstram o quanto esta mitologia é acompanhada pelas gerações que se seguem. Ela se perpetua no espaço da história reservado aos corajosos cangaceiros. Eles não são tomados como herói, afinal de contas, duelaram no sertão contra a República e o Estado de Direito. Impuseram medo aos poderosos, especialmente aos grandes fazendeiros e proprietários de terras. E sempre que alguém tenta enfrentar os mais poderosos neste país acaba sucumbindo. Vide Canudos.

O Brasil talvez jamais reconheça a heroicidade de Lampião. E depois ele não precisa de reconhecimento institucional. No nordeste do Brasil há quem o relembre com satisfação, como se conta a história de Robin Hood ou de um herói incompreendido pela sociedade. Nos tempos de hoje é impossível pensar numa figura como a dele. Nos tempos de hoje é impossível pensar em qualquer tipo de herói, seja ele meio bandido ou não. Na década de 1930 o sertão teve um capitão, um líder, um mito. Angico não nos deixa esquecer.

Do blog: Nossa Política

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