INVASÃO E RESISTÊNCIA - OS 90 ANOS DA DERROTA DE LAMPIÃO NO CONFRONTO COM O POVO DE MOSSORÓ – “LITERATURA DA RESISTÊNCIA” - PARTE XVI Por Kydelmir Dantas

INVASÃO E RESISTÊNCIA - OS 90 ANOS DA DERROTA DE LAMPIÃO NO CONFRONTO COM O POVO DE MOSSORÓ – “LITERATURA DA RESISTÊNCIA” - PARTE XVI
Por Kydelmir Dantas professor, poeta, pesquisador do cangaço, gonzaguiano e da Literatura de Cordel

Após 90 anos da "Resistência", Mossoró continua colhendo louros da vitória dobre o bando de Lampião. Mesmo antes daquele 13 de junho ano de 1927, a leitura passou a ser uma constante sobre este assunto, através dos jornais, mas também da impressão de folhetos de literatura popular e de livros que contam a saga e a história de tão relevante evento para nossa cidade.
A necessidade de deixar registrados fatos, "causos" e ocorrências, em tempos passados, é responsável pela criação de uma literatura de massa que abrange todos os temas de uma região, do País e até do mundo: a Literatura de Cordel.
Com sua maneira simples de ser compreendida, veio substituir os antigos menestréis na divulgação desses fatos. Era como se fosse um jornal itinerante, escrito em forma de poesia, de aquisição fácil e barata. Segundo Câmara Cascudo: "É o romanceiro popular nordestino, em grande parte contido em folhetos impressos e expostos à venda nas feiras e mercados".
Sobre os mais variados temas abordados, como as histórias de reis e princesas, de amores, de caçadores, de desbravadores dos sertões das pelejas dos violeiros, os famosos desafios, da religiosidade, nas figuras de Padre Ibiapina, Antônio Conselheiro, Pe. Cícero e Frei Damião; das "estórias" dos animais, como "O Pavão Misterioso", "O Boi da Mão-de-pau, dentre outros.
Em seu livro "Vaqueiros e Cantadores", Cascudo destacou que "a poesia tradicional sertaneja tem os seus melhores e maiores motivos no ciclo do gado e no ciclo heroico dos cangaceiros". Este último foi e é, ainda hoje, um dos mais divulgados através da Literatura de Cordel.
Ainda, segundo Cascudo, "Os grandes criminosos estão com as suas biografias romanceadas. Eram todas cantadas como foram os antigos Vilela, João (ou José) do Vale, O Cabeleira, os Guabirabas, Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Virgolino Ferreira o Lampião".
Inúmeros são os trabalhos apresentados sobre o Cangaço. A história de Lampião, seu tempo, suas lutas, seu reinado são muito divididos na Literatura de Cordel. A Resistência de Mossoró contra o ataque de Lampião motivou a publicação de vários folhetos na literatura popular, desde aquele ano de 1927, sendo, para mim, os mais significativos, por ordem cronológica os seguintes trabalhos:
- 1927 - O Assalto de Lampião a Mossoró onde foi derrotado. Mariano Ranchinho. (Agência Pernambucana. Natal-RN).
- 1927 - Entrada do Réprobo Lampião no Rio Grande do Norte. - Manoel Tomaz Assis Limão. (Tipografia d"O Progresso. - Currais Novos - RN).
- 1927 - A Derrota de Lampião em Mossoró - Pereira de Lima. (Editado no Atelier J. Octávio. Mossoró-RN).
- 1927 - Entrada de Lampião em Mossoró - João Martins de Atahyde. (Recife, 26 de agosto).
- 1939 - Lampião em Mossoró em 1927. Zé Saldanha. (Santana do Matos-RN).
- 1972 - A Entrada de Lampião em Mossoró em 1927 - Raimundo Alves de Oliveira. (Rio Branco-AC. Mossoroense radicado no Acre desde 1943.
- 1995 - A cidade de Quatro Torres - Luiz Campos. (Projeto Chico Traíra - nº 8 FjA, Natal).
- 1982 - Jararaca Arrependido porque matou um Menino - Concriz. (Mossoró - RN).
- 2007 - Um Prefeito Bom de Briga e o Bando de Lampião - Antônio Francisco Teixeira de Melo (Publicado nos 80 anos da Resistência em Mossoró).

Com relação aos livros, o cangaço, tema apaixonante e de pesquisas constantes, é um dos maiores responsáveis por vendas internas nas livrarias do Brasil. Inúmeras obras são editadas anualmente, precisando apenas que o leitor separe o "joio do trigo".
No nosso Estado, a Coleção mossoroense, através da Fundação Vingt-Un Rosado, tem muitos títulos sobre o assunto. Além disso, vários pesquisadores e escritores publicam desde a época do ocorrido até os dias atuais.
Os mais vistos são Lampião em Mossoró (1955), de Raimundo Nonato, e A Marcha de Lampião: Assalto a Mossoró 1980), de Raul Fernandes. Contudo, tomo a liberdade de indicar uma lista sobre a bibliografia cangaceira no RN, que pode ser muito bem aproveitada por alunos, curiosos e escritores.
- Nas Garras de Lampião (2006) Antônio Gurgel e Raimundo Soares de Brito;
- Lampião e o rio Grande do Norte (2005) - Sérgio Augusto de Souza Dantas;
- Massilon - Honório de Medeiros;
- O Ataque de Lampião em Mossoró através do Romanceiro Popular (1983) - Veríssimo de Melo;
- Guerreiros do Sol (1985) - Frederico Pernambucano de Mello;
- Jararaca: prisão e morte de um cangaceiro (2015). Geraldo Maia do Nascimento;
- O cangaço na literatura de cordel (1997) Antônio Kydelmir Dantas de Oliveira.

Continuaremos amanhã com o título:
"ACHADO EM ARQUIVO PROCESSO CONTRA LAMPIÃO PODE VIRAR PEÇA DE MUSEU"

Clique no link abaixo para ver todas as fotos:

Fonte: Jornal De Fato
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Páginas: 49 E 50
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
Editor: José de Paiva Rebouças
E-mail: josedepaivareboucas@gmail.com
Ilustrado por: José Mendes Pereira

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