A moda não termina no 44 — e o estilo também não
Aos poucos, o mercado de moda começa a entender o que mulheres com manequins maiores já sabiam há muito tempo: não se trata de caber na roupa, mas de se ver representada em estilo, desejo e pertencimento
Durante anos, mulheres que vestem acima do manequim 44 foram tratadas pelo mercado como uma exceção. A oferta era limitada, as opções eram básicas e os cortes pareciam todos iguais — como se estilo não fosse uma possibilidade real, mas um privilégio restrito a determinados corpos.
Mas esse cenário vem mudando. E parte importante dessa virada está acontecendo dentro do ambiente online, onde surgem curadorias voltadas para quem quer mais do que simplesmente “achar o que serve”.
“Na Lotus Week, a gente não vende roupas grandes. A gente oferece moda com identidade, informação e escolha. Porque estilo não tem tamanho — ele tem intenção”, afirma Gabi Anjos, fundadora da loja online especializada em moda plus size.
Para ela, o erro do mercado está em ainda tratar o plus size como um nicho separado. “As mulheres querem as mesmas tendências que todo mundo. Elas querem vestidos com recortes, tecidos leves, alfaiataria colorida, brilho e peças atuais. O tamanho da peça não muda o desejo — mas a falta de opção pode apagar ele.”
E não é só sobre encontrar o número. É sobre encontrar a linguagem. “Muitas mulheres chegam até nós dizendo que passaram a vida usando o que dava, o que sobrava. E agora estão comprando pela primeira vez com liberdade de escolha. Isso é muito potente.”
Estilo com informação — e sem concessões
A Lotus Week trabalha com uma curadoria de marcas que priorizam modelagem, conforto e tendência. Gabi e sua equipe analisam caimento, tecidos, acabamento e paleta de cores para montar coleções que traduzem as principais tendências da estação para todos os corpos — e não apenas os padronizados.
“Tem mulher que ama vestidos fluidos, tem mulher que prefere looks estruturados, tem quem curta cropped, quem só usa preto, quem quer estampa tropical. O nosso papel não é dizer o que pode ou não pode. É apresentar possibilidades, com informação de moda e autonomia na escolha.”
Esse respeito à individualidade tem reflexo direto na autoestima das clientes. “A peça certa muda o dia de uma mulher. Não é exagero. Quando ela se vê representada, quando se sente bem com o que está vestindo, muda a postura, o humor e a confiança. A moda tem esse poder — mas precisa estar disponível para todas.”
Muito além da grade de tamanhos
De acordo com dados do IEMI e do IBGE, mais de 54% das mulheres brasileiras vestem manequim acima do 44. Mesmo assim, a maior parte da produção de moda nacional ainda concentra seus esforços em grades menores — e quando inclui tamanhos maiores, muitas vezes replica os mesmos cortes e cores neutras que perpetuam a lógica da contenção.
“A mulher com manequim maior quer se expressar. Ela não quer se esconder atrás de um look básico o tempo todo. Mas o que o mercado ainda oferece a ela é roupa para disfarçar, e não para brilhar.”
Segundo Gabi, o que falta não é interesse. É visão. “Essa mulher consome, compartilha, influencia, pesquisa, exige qualidade. Mas ela ainda é tratada como exceção. E isso só vai mudar quando o setor enxergar estilo como direito — e não como prêmio para quem veste até 44.”
A nova vitrine
Com clientes em todo o Brasil e taxa de recompra acima de 80%, a Lotus Week se posiciona como uma plataforma de curadoria de moda plus size com desejo, tendência e respeito à individualidade. O atendimento é feito com escuta, o site oferece modelos reais com medidas reais, e cada peça passa por um processo de aprovação focado em caimento, acabamento e versatilidade.
“Moda tem a ver com sonho, com mensagem, com presença. E toda mulher tem o direito de viver isso — em qualquer corpo, em qualquer tamanho”, finaliza Gabi.
Porque no fim das contas, a moda não termina no 44. E o estilo, muito menos.
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