REBUSCANDO O TEMPO 017 - ANTONIO MORAIS

Moravam no sitio Formiga, entre a sede do muncicipio e o Roçado Dentro, local onde a cada 13 de Dezembro reuniam-se centenas de fieis e devotos de Santa Luzia para venerá-la.

Gente de todas as localidades compareciam para pagar promessas e ex-votos. Dos filhos da família, em numero de 12, tanto as moças quanto os rapazes eram de finíssima hospitalidade e de tanto escolherem pretendentes a altura, não se casaram, ficaram todos na prateleira.

A união reinava naquela casa, um cuidava do outro como quem cuidava de um filho que não tivera. Quando atingiram a idade de 50 e 60 anos, firmaram maior fervor na sua religiosidade. Todo dia, à noitinha, se reuniam, na sala da casa e, rezavam o terço, coisa bastante difícil nos dias atuais.

Na introdução cantavam " A nós descei e Queremos Deus", e a seguir Josefa, a irmã mais velha, ia tirando a reza enquanto os demais respondiam.

Na sala, existia uma pequena mesa onde, em cima, se colocava um santuário com as imagens e embaixo um cachorro costumava fazer o seu merecido descanso.

Um belo dia, de repente, surgiu uma catinga desagradável e se deu essa tragedia:

Josefa disse:

Ave Maria cheia de graças,
O Senhor é convosco.
Bendita sois vós,
Chico ponha pra fora esse cachorro,
Que está bufando fedorento,
Entre as mulheres,
Bendito fruto do vosso ventre.....

Imediatamente foi atendida. O cachorro foi retirado da sala, mesmo sem se ter tanta certeza que ele era o responsável pela contaminação gasosa. 

Havia uma desconfiança, pois no almoço fora servido um baião de dois com fava, farofa com cebola, batata doce e toucinho torrado. 

Demorou pouco e a catinga de bufa dominou novamente o ambiente, e desta feita, o cachorro já não poderia receber a culpa, faltaram com respeito a Santa Luzia. Foi, então  que Zefa encarou o irmão dizendo:  Chico crie vergonha e vá cagar no terreiro.

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