O HOMEM DO PINTO GRANDE OU A VERDADEIRA HISTÓRIA DO PINTO PELADO - AUTOR: MANOEL MONTEIRO (PARTE FINAL)

 

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Menino perdia a fala

Com Medo do alarido

Não se contava a s pessoas

que já perdera o ouvido

Por não suportarem notas

do seu cantar sustenido.

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 isso obrigou os vizinhos

Fazerem uma passeata

Com pixachão,

Gritando e batendo em lata

O @slogan! abaixo o pinto

Ou esse Pinto nos mata.

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Além do grande barulho

Que o maldito fazia

Se fosse bicho de pena

Em sua unha sofria,

Fosse fêmea, fosse macho,

O desgraçado "comia".

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O  Pinto não escolhia

galinhja velha ou novata.

Fosse Galinha d'Angola

Seriema, gansa ou pata

Dando sopa no terreiro

ele passava a chibata.

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As moças olhavam ao pinto

com inveja e sem queixume

Já os homens do lugar

Olhavam com azedume

e não disfarçavam mais

Uma ponto de ciúme..

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Contra o Pinto de Vavá

Começou um movimento

Que foi engrossando aos poucos

Com marido ciumento

e por fin transformou-se

Num protesto violento.

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Fizeraam abaixo assinado

contra o Pinto "comedor"

Foram numa comitiva

Pedir ao governador

Que desse um jeito na tara

Do pinto do trocador.

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Do palácio foram ao bispo

com enorme estardalhaço

Sem faltar carro de som,

Orador e buzinaço

pedindo a pena d emorte

prá aquele Pinto devasso.

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foram a televisão,

Revista, ra´dio, jornal,

A notícia foi crescendo

Em rede nacional

Até chegar aos ouvidos

Do governo federal.

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Por mais de m~es o país

Parou de vez, porque cá,

O assunto era o tamanho

do Pinto d eGravatá

Então o Congresso fez

A CPI do Vavá.

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Que intimado depôs

num circunspecto recinto

Donde saiu condenado

Pelo plenário distinto

A assumir e pagar

As falcatruas do Pinto.

54-

Vavá ficou devedor

Das custas processuais

Do depósito compulsório,

Juro, mora e ind amais

dos vinte e cinco por cento

Das "comissões"usuais.

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mesmo sem pena d emorte

O Pinto foi condenado

Porque Vavá nãopodia

Pagar o qeu foi cobrado,

então mandou abatê-lo

Para vender no mercado.

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Num moderno abatedouro

Vavá fez a encomenda,

Para matar o bichinho

Foi uma luta tremenda...

Agora vamos contar

O resultado da venda.

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o sangue do Pinto deu

Um monte de cabidela

que encheu tanque, cisterna,

tambor, bacia e gamela

Inda hoje aqui e fora,

Muita gente come dela.

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Dos ossos estão fazendo

Farinha, adubo e ração

Pentes, colares, pulseiras,

pedras de xadrez,. botão

e dos pedaços menores

Escora pra construção.

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do bico fizeram lancha,

Rebocador e navio

do couro estão fabricando

Muito sapato macio,

Capa, galocha e casaco

Pra vender no tempo frio.

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A carne? Essa nem se fala

Pois aind hoje rende

em tempos de vaca louca

Carne d efrango é que vende

para fazer as divisas

que o governo defende

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Quem consume carne branca,

Precozido e defumado,

Paio, linguiça e flambre

Que encontrar no mercado

Quem compra estará comendo

Carne d Pinto Pelado.

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Das vísceras do pinto é feito

um saboroso embutido.

na Amérca degustado

Na Europa preferido

e no Japão transformado

no patê mais consumido.

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Vavá hoje é magnata

mas o seu passado evoca

e não s enega dizer

Quando no caso alguém toca

que o status conquistado

Deve ao Pinto Pelado

Que arranjou numa troca.

Fim