O confronto travado de 1707 a 1709 se iniciou quando os bandeirantes paulistas - também chamados de desbravadores vicentinos- passaram a reclamar o direito de exploração das recém-descobertas jazidas de ouro, na região das minas Gerais- que, na época, fazia pare da capitania de São Vicente-, alegando que, aqueles que não participavam dos esforços pela procura do metal também não deveriam ter os mesmos direitos de extração.
Mas como a notícia da descoberta das minas já havia se espalhado, um grupo bem heterogêneo, formado por portugueses e migrantes das demais partes do Brasil - sobretudo da Bahia -, passara a ocupara a região, na intenção de controlá-la. Pejorativamente chamados de 'emboabas", eles se se misturavam aos paulistas, mas nunca se uniam a eles. Ao contrário, ambos se juntavam em dois grupos distintos, cada qual com um representante. o ex-bandeirante Manuel de Borba Gato se fez líder dos paulistas, enquanto os emboabas foram liderados por Manuel Nunes Viana, português que veio para a Bahia ainda jovem e que se tornou conhecido por atos de coragem que o trouxeram para a região onde se destacou como proprietário de lucrativas minas.
o incidente que deu início ao conflito propriamente dito, ocorreu em 1706, no arraial da Ponta do Morro. Sua causa é incerta. Segundo alguns cronistas da época, foi em decorrência da morte injusta e tirânica que fez um paulista de um humilde forasteiro que vivia de uma pobre agência. De acordo com outros, aconteceu em virtude de índios carijós - vindos de São Paulo - embriagados que mataram um português.
No ano seguinte, a situação piorou. Em Arraial novo do Rio das Mortes, emboabas lincharam dois importantes chefes dos paulistas. Com medo de uma vingança, grande parte deles fugiu para a mata. Embora tivessem motivos para agir, os paulistas se limitaram a enterrar seus chefes. E, consequência, os emboabas que haviam se escondido, resolveram voltar e o grupo, como um todo, sentiu-se mais encorajado.
Em 1708, os dois lados passaram a guerrear. Borba Gato tentou banir Nunes Viana da região do Rio das Velhas, porém, não obteve sucesso. Os emboabas, acreditando que um grande ataque estava sendo preparado contra eles, decidiram desarmar todos os paulistas que encontrassem. Devido a pouca resistência dos bandeirantes que se refugiaram na região de Rio das Mortes, no fim do mesmo ano, os emboabas já detinham o controle de duas das três áreas de mineração mais importantes. Mas, de foram ousada, eles ainda proclamaram como governador da região mineradora o líder Nunes Viana, em uma verdadeira afronta ao rei, o único a ter a prerrogativa de escolha nesse caso. Em seguida, eles ainda encarregaram Bento do Amaral Coutinho da expulsão dos paulistas restantes que , por mais uma vez, não opuseram resistência. Enquanto alguns se dirigiram para Parati e São Paulo, outros foram para o Oeste, onde mais tarde, descobriram novas jazidas de ouro, na região dos atuais Estados de Mato Grosso do sul, Mato Grosso e Goiás. em 1709, graças à intervenção do governador do Rio de Janeiro, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, que destituiu Nunes Viana, mas manteve a estrutura administrativa emboaba, o confronto chega ao fim.
Fonte: LEITURAS DA HIST[ORIA - Ediçao 51- Maio de 2012
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