ADONIRAN BARBOSA NÃO MORAVA NO JAÇANÃ



 Adoniran Barbosa não morava no Bairro do Jaçanã, ele pegava o trem, mas não para chegar em casa. Naquela época, aí por 1955, um dos vários afazeres artísticos em que estava envolvido era o de ser ator. No Jaçanã, construíra-se o primeiro estúdio de filmagens da cidade, a Companhia Cinematográfica Maristela.

Na “Hollywood do Jaçanã”, como a chamavam, um dos astros de filmes como A Pensão de Dona Estela era aquele curioso músico de voz rouca e marcante.
Num dia de 1966, Adoniran desceu de um carro, em frente à Estação do Jaçanã. Era o convidado especial para uma cerimônia triste. A estação seria demolida. O convidado não chegou de trem, porque os trilhos haviam sido retirados um ano antes.
Na plataforma da estação, misturou seus sucessos. Pôs-se a cantar: “Cada táuba que caía, doía no coração.” Trecho, como se sabe, de “Saudosa Maloca”. O episódio é contado por um ex passageiro do trem, Silvio Bittencourt, criador da Associação Memória Museu do Jaçanã.
Na roupa dos passageiros, sempre haviam furinhos feitos por fagulhas. A Maria Fumaça corria, se é possível dizer assim, em trilhos de bitola pequena, de 60 cm. Puxava três vagões de madeira, com bancos fixos, como os dos bondes. Sempre cheio, ia a 50 quilômetros por hora, no plano. Nas subidas, bufava a 15 por hora.
"As fagulhas lançadas pela chaminé da Maria Fumaça eram um problema também para as donas de casa, com quintais situados ao longo da estrada. A roupa estendida nos varais ficava como os ternos. Perto do Jaçanã, havia um pontilhão muito estreito. O picotador alertava os passageiros, que tinham a mania de viajar com cabeça, braços, para fora do trem. “O picotador gritava ‘olha a cabeça'. Se não tomassem cuidado, a cabeça ficava e o corpo seguia para o Jaçanã".
( TEXTO Internet 50anosdetextos).



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