Cariri Cangaço: Uma Jornada pelo Sertão da Memória - Por Gilmar Teixeira

 


Cariri Cangaço: Uma Jornada pelo Sertão da Memória

O sol desponta no horizonte sertanejo, e mais um Cariri Cangaço se anuncia. Desde a primeira vez em que coloquei os pés nesse grande encontro, criado e idealizado pelo mestre Manoel Severo,  e guiado pelas mãos do amigo e escritor, João de Sousa Lima, soube que não seria apenas mais um evento – seria um chamado, um reencontro com a alma Nordestina.

Já se vão 15 anos dessa caminhada, atravessando sete estados e mais de 30 cidades, onde cada pedra, cada vereda, cada história contada em prosa e verso nos faz sentir o pulsar do sertão. Do começo em Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, cariri Cearense ao litoral nordestino, passando por recantos que respiram história, seguimos desvendando os rastros de cangaceiros, beatos e coronéis.

No palco do Cariri Cangaço, ecoam os nomes que moldaram nosso destino: Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita, Antônio Conselheiro, Padre Ibiapina e os temidos coronéis que impuseram suas vontades sobre o povo sofrido do sertão. De Delmiro Gouveia a João de Sá, de Nazaré e Floresta às terras de bravos soldados  volantes, a Glória e Paulo Afonso, na Bahia, onde Maria Bonita e mais 40 cangaceiros, nasceram para entrar na história, cada local guarda suas marcas e mistérios.

Nosso trajeto nos leva a Piranhas, onde João Bezerra escreveu o último capítulo da saga de Lampião. Em Poço Redondo, território de cangaceiros e cangaceiras,  do saudoso Alcino Costa, pisamos a Grota de Angico e sentimos no vento a presença daqueles que ali tombaram. Entre palestras, debates e lançamentos de livros, o Cariri Cangaço mantém viva a chama de um tempo que nunca se apaga.

Mas não é só de história que se faz essa jornada. São as amizades que se constroem a cada encontro, os laços que se fortalecem entre uma palestra e outra, entre um verso declamado e uma piada solta no ar. Ivanildo Silveira, com sua irreverência, Jadilson e suas canções, Aderbal Nogueira registrando tudo com sua lente atenta, Luiz Ferraz e Clénio com seus causos inesquecíveis, e tantos outros que fazem desse evento um verdadeiro lar sertanejo.

Lembramos dos companheiros que tornam essa estrada ainda mais rica: Dr. Leandro Cardoso, que cuida dos nossos corações, Padre Agostinho e Bispo André, que nos ensinam a rezar e orar, Coronel Marins, sempre pronto a nos proteger, e a turma de Senhor do Bonfim, trazida no laço por Odilon Neto. Cada um, à sua maneira, é peça fundamental desse grande mosaico cultural.

Sem esquecer os livreiros, que nos abastece de informações, Professor Pereira,  Professor Adriano e Zé Carlos CRB, pessoas importantes na formação de saberes e de novos talentos literários que enriquece nossas cabeças, com novas informações, da memória e da história nordestina. 

Também lembrando dos que nos deixaram tão cedo, como Alcino Costa, Antônio Amaury, Sabino Basseti, João Bezerra, Paulo Gastão,  Narciso Dias, Voldi Ribeiro, Paulo Brito, que deixaram não só saudades, mas um legado de história e dedicação a memória do povo nordestino. 

Ah sem esquecer as mulheres que embelezam o evento com suas presenças, e conhecimentos sobre todos os temas ali retratados, Luma HolIanda, Célia Maria, Sulamita, Elane Marques, Aninha, Fabiana Agra, Catarina Venâncio, Diana Rodrigues, Angela, Rosane Ferraz, e tantas outras Marias, que com  suas presenças engrandece o nosso Cariri Cangaço. 

E entre todas essas letras, siglas, entidades e instituições que se unem para preservar a memória do sertão, ALPA com seu presidente Isaac de Oliveira,  ABRAES, na presidência o escritor e pesquisador, Leonardo Gominho, ABLAC, com Archimedes Marques,  delegado, escritor, no seu  comando, GEC, com o ilustre Ângelo Osmiro, no leme, GECAPE, com o pesquisador incansável, Westerland Leite, GPEC, o escritor paraibano, Bismarck Martins é o seu presidente, e o SBEC tem no seu comando o professor Lemuel Rodrigues, e entre outras tantas instituições, estamos nós: eu, Gilmar Teixeira, e minhas irmãs, Lúcia e Leide, que só faltamos quando a saúde nos impede – ou quando o bolso não colabora!

O Cariri Cangaço é mais que um evento. É um compromisso com a história, um reencontro com a identidade do povo nordestino. E enquanto houver estrada, sol a pino e poeira levantando sob nossos passos, estaremos lá, mantendo viva a memória do nosso sertão.

* Gilmar Teixeira

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