JUDAS NÃO TRAIU CRISTO - HUGO LAPA



 JUDAS NÃO TRAIU JESUS

Sim... Judas não traiu Jesus. Essa visão é apoiada pela própria Bíblia e por descobertas mais recentes, como o Evangelho de Judas, um texto apócrifo encontrado no século XX. Esse evangelho apresenta Judas não como um traidor, mas como alguém que estava cumprindo um papel importante dentro do plano divino.
Nos evangelhos tradicionais da Bíblia, Judas é descrito entregando Jesus às autoridades em troca de 30 moedas de prata. No entanto, algumas pessoas argumentam que a palavra usada nos textos originais para "trair" pode ter um significado mais próximo de "entregar" ou "passar adiante". Isso sugere que Judas pode não ter traído Jesus no sentido de agir contra ele, mas sim de ajudar a cumprir seu destino.
Além disso, Jesus já sabia que seria preso e crucificado, e há momentos nos evangelhos em que ele dá a entender que tudo estava acontecendo conforme a vontade de Deus. Se era algo planejado, Judas pode ter apenas seguido as instruções do próprio Jesus, e não agido por pura traição.
Outro ponto curioso é que, no Evangelho de Judas, Jesus teria pedido diretamente para que Judas o entregasse, pois assim ele poderia se libertar do seu corpo físico e cumprir sua missão espiritual. Isso transforma Judas em um discípulo mais próximo e fiel, e não em um traidor.
Há também dúvidas sobre o destino de Judas. O Evangelho de Mateus diz que ele ficou arrependido e se enforcou, enquanto o livro de Atos dos Apóstolos apresenta uma versão diferente, dizendo que ele morreu de uma forma estranha, caindo e se arrebentando no chão. Essa diferença levanta a suspeita de que pode ter havido um esforço para demonizar Judas ao longo do tempo.
Vejamos algumas passagens-chave do Evangelho de Judas que sugerem que Judas não traiu Jesus:
“Judas, tu os superarás a todos, pois sacrificarás o homem que me reveste.”
Nesta passagem, Jesus fala diretamente a Judas e diz que ele será superior aos outros discípulos. Isso indica que Judas não era um traidor, mas alguém com uma missão especial. A frase "sacrificarás o homem que me reveste" pode ser interpretada como um pedido de Jesus para que Judas o entregue às autoridades, ajudando-o a se libertar do corpo físico e cumprir seu destino espiritual.
"Afasta-te dos outros e eu te contarei os mistérios do Reino. Tu podes alcançá-lo, mas sofrerás muito."
Jesus não compartilha os segredos do Reino com os outros discípulos, apenas com Judas. Isso mostra que Judas tinha um papel único, sendo escolhido por Jesus para algo maior, e não um simples traidor.
“Tu os superarás a todos, pois sacrificarás o corpo que me reveste.”
Aqui, Jesus reforça que Judas está realizando algo importante. Ao entregar Jesus, Judas não estaria o traindo, mas ajudando-o a se libertar da prisão do corpo físico, que os gnósticos viam como uma limitação para alcançar a verdadeira iluminação.
“Os outros discípulos disseram: ‘Vimos uma grande casa com um altar e doze homens, e um nome, e uma multidão esperando na porta.’ Jesus respondeu: ‘Vocês são aqueles que receberam o nome do homem e foram enganados.’”
Essa passagem sugere que os outros discípulos estavam seguindo um entendimento errado sobre Jesus e sua missão. Judas, por outro lado, era o único que realmente compreendia o que estava acontecendo.
“Tu serás amaldiçoado pelas gerações, mas governarás sobre elas.”
Jesus diz a Judas que ele será mal compreendido e desprezado pelas gerações futuras, o que de fato aconteceu. Mas, ao mesmo tempo, Jesus sugere que Judas terá um papel essencial no destino espiritual do mundo.
(Evangelho de Judas, trechos da tradução de Rodolphe Kasser, Marvin Meyer e Gregor Wurst)
Dessa forma, no Evangelho de Judas, Judas não é um traidor, mas sim o único discípulo que compreende verdadeiramente Jesus e sua missão. Ele entrega Jesus não por ganância ou traição, mas porque foi escolhido para isso. Esse texto sugere que a história tradicional foi distorcida ao longo do tempo e que Judas poderia, na verdade, o discípulo mais próximo, ou um dos mais próximos de Jesus.
Por outro lado, dentro dos próprios evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João), há algumas passagens que sugerem que Judas pode não ter sido um traidor no sentido tradicional. Aqui estão algumas delas:
Judas apenas "entrega" Jesus, e não o "trai"
Nos textos originais em grego, a palavra usada para descrever a ação de Judas é paradidomi (παραδίδωμι), que significa "entregar" ou "passar adiante", e não necessariamente "trair". Essa palavra também é usada para descrever a entrega de Jesus pelos líderes religiosos aos romanos.
"Então um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi aos chefes dos sacerdotes e perguntou: 'O que me darão se eu o entregar (paradidomi) a vocês?'"
(Mateus 26:14-15)
Se Judas estivesse realmente traindo Jesus, poderíamos esperar outra palavra com um sentido mais claro de traição, mas a usada aqui também se aplica a outras situações neutras ou até positivas.
Além disso, Jesus demonstra saber antecipadamente que seria entregue e nunca condena Judas explicitamente por isso.
"O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito; mas ai daquele que entrega (paradidomi) o Filho do Homem! Melhor lhe seria não haver nascido."
(Mateus 26:24)
Se Jesus já sabia que isso aconteceria e tudo fazia parte do plano divino, Judas apenas estava cumprindo esse destino inevitável.... e não o estaria traindo.
Na tradição judaica, oferecer um pedaço de pão molhado era um sinal de amizade e respeito. Se Judas fosse um traidor no sentido literal, por que Jesus faria isso?
"Jesus respondeu: 'É aquele a quem eu der este pedaço de pão molhado'. Então, molhando o pedaço de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes."
(João 13:26)
Isso sugere que Jesus não via Judas como um inimigo, mas como alguém que fazia parte do plano.
Se Judas realmente tivesse cometido um ato de traição consciente, por que ele não fugiu imediatamente? Em vez disso, ele continuou entre os discípulos até a Última Ceia e só saiu quando Jesus o instruiu.
"O que você tem para fazer, faça logo."
(João 13:27)
Essa frase pode indicar que Judas estava simplesmente cumprindo um papel dentro da missão de Jesus, e não agindo por maldade própria.
Se Judas fosse um traidor frio e calculista, por que ele demonstraria remorso tão intenso logo depois?
"Quando Judas, que o havia traído (entregue), viu que Jesus havia sido condenado, foi tomado de remorso e devolveu as trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e aos líderes religiosos."
(Mateus 27:3)
Ele tenta desfazer o que fez, o que sugere que talvez não tenha entendido totalmente as consequências de sua ação. Ou que tenha se assustado com os efeitos, como a crucificação, que pode ter sido muito difícil de assistir e assimilar, mesmo sabendo que entregar Jesus era a sua missão.
Os evangelhos e o livro de Atos dão relatos diferentes sobre a morte de Judas:
Mateus 27:5 diz que Judas se enforcou.
Atos 1:18 diz que ele comprou um campo, caiu e teve seu corpo arrebentado.
Se ele fosse um grande traidor, esperaríamos um destino bem definido e marcante, mas as versões contraditórias sugerem que houve tentativas de reescrever sua história.
Dessa forma, os próprios evangelhos deixam margem para questionar se Judas realmente traiu Jesus ou apenas o entregou conforme um plano maior. A palavra usada para sua ação não significa necessariamente traição, Jesus sabia do que aconteceria e não o impediu, e Judas demonstrou arrependimento após os eventos. Tudo isso sugere que ele pode ter sido apenas um instrumento dentro de um propósito maior e não o grande vilão da história.
(Hugo Lapa)

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