Membrana brasileira acelera cicatrização após cirurgias oncológicas
Tecnologia desenvolvida no Brasil auxilia na recuperação de feridas abertas e traz alívio imediato, reduzindo a necessidade de trocas frequentes de curativo
A cada ano, cerca de 704 mil brasileiros recebem um diagnóstico de câncer, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o período entre 2023 e 2025. Entre os tipos mais incidentes estão o câncer de pele não melanoma (31,3% dos casos), o câncer de mama feminina (10,5%) e o câncer de próstata (10,2%).
Em muitos casos, especialmente após a retirada cirúrgica de tumores, o paciente enfrenta um desafio adicional: a presença de feridas abertas, que exigem cuidados prolongados para cicatrização. É nesse cenário que uma tecnologia nacional vem se destacando, a Membracel, membrana regeneradora porosa desenvolvida a partir de celulose cristalina, produzida pela bactéria acetobacter xylinum.
De acordo com Andrezza Barreto, enfermeira da Vuelo Pharma, “a membrana atua como um substituto temporário da pele, protegendo a lesão, favorecendo a regeneração tecidual e proporcionando alívio rápido da dor. Isso é essencial para a qualidade de vida do paciente, que já está fragilizado pelo tratamento oncológico”.
A estrutura fina e uniforme da Membracel permite a transposição do excesso de exsudato (secreção), mantém a umidade ideal para o processo de cicatrização e reduz o risco de infecções. Por não exigir trocas diárias, podendo permanecer na lesão de 5 a 12 dias, diminui o desconforto e evita danos ao tecido em formação. Além disso, é atóxica, inerte e não provoca reações alérgicas.
A tecnologia foi criada a partir de uma história pessoal. O inventor, João Carlos Moreschi, buscava uma solução para tratar as úlceras crônicas de sua mãe, que não respondiam aos tratamentos convencionais. A partir de estudos em microbiologia e celulose, desenvolveu uma membrana capaz de acelerar a cicatrização, aliviar a dor e drenar a secreção de forma controlada.
Ela é indicada para diferentes tipos de feridas, como queimaduras de segundo grau, áreas receptoras e doadoras de enxerto cutâneo, úlceras venosas e arteriais, escoriações e lesões resultantes de procedimentos como crioterapia e laser. No entanto, não deve ser utilizada em casos de hemorragia ativa ou lesões malignas.
“Prevenir ainda é o caminho mais eficaz contra o câncer, mas quando ele já é uma realidade, cada recurso que melhora o tratamento e a recuperação do paciente é valioso”, reforça Andrezza.
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