Há 128 anos, numa manhã de 12 de dezembro de 1897, nossa cidade foi inaugurada com expectativa, poeira solta e sol forte. Chamava-se ainda Cidade de Minas. E havia mais sonho do que construção, mais traço no papel do que sombra nas ruas.
A alvorada começou com bandas entoando o Hino Nacional e cafés abertos desde a véspera servindo café preto, pão, queijo. Havia dinamites explodindo nos morros. A população, estimada em dez mil pessoas, ocupava calçadas, esquinas e varandas. As avenidas recém-rasgadas no chão estavam enfeitadas com bandeiras, flores de papel e guirlandas de cetim.
A cidade se apresentava com árvores escassas, casas em construção e ruas sem calçamento. Era mais esboço do que paisagem. Ainda assim, quem veio, veio com curiosidade, esperança e fé.
Às duas da tarde, o trem chegou. Dele desceram Afonso Pena, ex-governador, e Bias Fortes, então governador. Foram recebidos com dobrados militares, foguetes e palmas. A pé, seguiram pelas ruas em direção à Praça da Liberdade.
No centro da praça, um pavilhão de madeira, pano e zinco. No topo, a bandeira do Brasil. No centro, um tinteiro de prata e uma pena de ouro, gesto de Azevedo Júnior, um jornalista. Bias Fortes assinou o Decreto número 1.085, que tornava oficialmente instalada a nova capital mineira.
Seguiram-se confetes no ar, salva de tiros, vivas à República. Depois, missa. Depois, discursos. Depois, poesias. A cidade nasceu entre fé, ordem e promessa.
Em 2025, Belo Horizonte completa 128 anos. Ainda buscamos alcançar o que foi escrito naquele dia. Naquela manhã inaugural, tudo parecia possível. E ainda é.


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