OS CARIRIS
Povo indígena que habitava o Ceará. Também indica a língua que esse povo falava e que hoje está extinta, conforme se depreende de certa documentação dos séculos XVII e XVIII. Segundo Thomaz Pompeu Sobrinho, os índios cariris chegaram ao sul do Ceará entre os séculos IX e X, pois diversos povos dessa nação habitavam uma vasta área entre a margem esquerda do Rio São Francisco e as vertentes das serras do Araripe e da Ibiapaba, esses últimos, lugares de abundância de caça, de pesca e de frutos, além de incontáveis nascentes que proporcionavam água farta. Esses indígenas, como alguns outros povos que primitivamente habitavam a região sul do Ceará, embora se registre serem relativamente hostis, não puderam impor a sua supremacia diante do homem branco usando os óbvios meios de que esse dispunha para enfrentá-los. Apesar do sistema de colonização aplicado no sul do Ceará seguir o padrão utilizado no restante do País, algumas variantes aqui implementadas foram decisivas para que hoje não disponhamos de muita informação sobre esse povo. É que, diferentemente, do que se praticou noutros lugares, aqui, a missão catequética dos capuchinos não dispensava o mesmo rigor de registro que os jesuítas exerciam com perícia. De qualquer forma, a colonização da cruz e da espada adotada pelos portugueses não contemplava a convivência da cultura dos indígenas com a que trouxeram os colonizadores. De fato, todo o esforço despendido visava tão somente apossar- -se da terra e ter à sua disposição mão de obra farta e barata. Daí a insatisfação dos índios que viram ser extirpados de si todos os seus valores culturais, suas crenças e a própria terra em que viviam desde tempos imemoriais. Rebelaram-se, como seria de se esperar, por meio de um movimento de resistência surgido no Nordeste do Brasil e que passou à História como “Confederação dos Cariris”, que resultou na chamada “Guerra dos Bárbaros”, que teve início em 1683 e perdurou até 1713. Nela estiveram envolvidas as tribos indígenas que ocupavam o território que vai da Paraíba até o Piauí, destacando-se, no Ceará, os Kanindés, os Quichelôs, os Tremembés, os Icós, os Crateús, os Anacés, os Jenipapos, os Kariris, os Janduís, os Baiacus e os Jaguaribaras. Ocuparam, inicialmente, o Rio Grande do Norte, expulsando os fazendeiros portugueses ali instalados. A marcha liberatória seguiu, então, para a Paraíba, dirigindo-se depois para o vale do Jaguaribe, no Ceará. Com a intervenção das tropas de bandeirantes vindas de São Paulo por ordem do governador-geral do Brasil, frei Manuel da Ressurreição, a reação dos indígenas foi de ampliação do movimento, com a entrada de novos grupos de diversas tribos, irradiando-se, no Ceará, em direção à vila de Aquiraz e ao sul do estado. Refregas violentíssimas resultaram em ser o Ceará onde se deram os mais sangrentos conflitos, morrendo mais de 200 brancos. Em 1713, o coronel João de Barros Braga mandou um regimento subir o vale do Jaguaribe exterminando tantos índios quantos encontrassem. Acresce, ainda, a desastrosa administração pública dos aldeamentos, como aconteceu na transferência dos índios para Arronches (Parangaba), cujo aldeamento, acabou sendo completamente desmantelado, passando para o domínio do governo central em virtude das constantes disputas entre a prefeitura e o estado. Vítimas, também, foram os indígenas ainda mais quando, padecendo dos efeitos das secas de sempre que assolavam a região, buscavam alimento nas fazendas e se tornavam alvo fácil dos proprietários rurais. Episódio triste foi o que se deu com a designação do coronel Simplício Pereira da Silva como encarregado dos aldeamentos, pois sendo pessoa que notoriamente votava ódio de vingança, não só aos indígenas, mas também a romeiros e aldeados religiosos, em geral, perseguia-os dizimando-os, implacavelmente, como retaliação pela chacina sofrida por sua família no aldeamento de Pedra Bonita em 1838. É que Simplício Pereira e um seu irmão, após conseguirem sobreviver à luta travada no local, juraram vingança em todas as circunstâncias que se lhes apresentassem.
BREVE HISTÓRIA DOS MUNICIPIOS DO CARIRI CEARENSE: fatos e dados
28 - Célio Augusto Alves Batista, Halley Guimarães Batista
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