Depois de contar muitas proezas dos outros, resolvi contar-lhes esta
que aconteceu comigo há algum tempo atrás. Estava havendo um surto de
roubo de galinha no nosso Sanharol e vizinhança: Chico, Serrote, Inharé,
Canto etc. Lá em casa desde os anos 60 nunca faltou uma espingarda de
cartucho que os meus irmãos usavam para caçar. Só que teve uma noite que
eu resolvi me prevenir se o ladrão viesse. Dar-lhe um susto grande.
Tinha uma espingarda Rossi, calibre 28, com uns cartuchos cheios,
próprios para matar veado. Quando foi uma certa noite eu fui dormir na
cozinha, a espingarda debaixo da rede com o bornal e os cartuchos que
Manoel Leandro havia preparado. Botei uma cadeira encostada na porta,
pois da brecha de cima dava prá ver o puleiro. Uma certa hora, meia
noite talvez, eu acordei ouvindo aquele grito de galinha sendo presa.
Quielllllll
Eu pensei é ele: subi na cadeira e avistei debaixo do puleiro um vulto redondo que não dava para distinguir direito, pois estava muito escuro. Não tive dúvida: engatilhei e atirei: um tiro igual o do Capitão da música Samarica parteira. Acho que até da Tarrafas deu prá escutar. Quando olhei pela brecha da porta, veio o pior: o vulto havia sumido. Aí eu gelei, subiu uma resfrialidade, como diz Luiza de Abrão, do pé até a cabeça. Apavorei-me. Minha mãe querendo saber o que tinha acontecido e eu sem puder explicar porque estava sem fala. Agora era um criminoso. Passei o resto da noite sentado, sem dormir, planejando uma fuga. Oh, noite comprida, só vim respirar direito e sentir um alívio, quando o dia clareou, e, eu tive coragem de olhar de novo e vi que não tinha nem um corpo estirado no terreiro. Também não era possível ter escapado com um tiro espritado daqueles. Mas alegria mesmo foi quando minha mãe levantou-se inspirada cantando: se dirigiu para a porta, como de praxe, passou a mão na tramela, e quando correu o olho no terreiro, alarmou:
Eu só queria saber quem foi o diabo que quebrou minha "cuzcuzeira" que eu tinha botado ali naquela cabeça da estaca.
Quielllllll
Eu pensei é ele: subi na cadeira e avistei debaixo do puleiro um vulto redondo que não dava para distinguir direito, pois estava muito escuro. Não tive dúvida: engatilhei e atirei: um tiro igual o do Capitão da música Samarica parteira. Acho que até da Tarrafas deu prá escutar. Quando olhei pela brecha da porta, veio o pior: o vulto havia sumido. Aí eu gelei, subiu uma resfrialidade, como diz Luiza de Abrão, do pé até a cabeça. Apavorei-me. Minha mãe querendo saber o que tinha acontecido e eu sem puder explicar porque estava sem fala. Agora era um criminoso. Passei o resto da noite sentado, sem dormir, planejando uma fuga. Oh, noite comprida, só vim respirar direito e sentir um alívio, quando o dia clareou, e, eu tive coragem de olhar de novo e vi que não tinha nem um corpo estirado no terreiro. Também não era possível ter escapado com um tiro espritado daqueles. Mas alegria mesmo foi quando minha mãe levantou-se inspirada cantando: se dirigiu para a porta, como de praxe, passou a mão na tramela, e quando correu o olho no terreiro, alarmou:
Eu só queria saber quem foi o diabo que quebrou minha "cuzcuzeira" que eu tinha botado ali naquela cabeça da estaca.
Reprisado no blogdosanhrol em 24/09/2012
kkkkkkkkkkkkkkkk muito legal!
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