LAMPARINA - Pedro Salgueiro

   A  velha Olga ainda  se lembrava de todas as fofocas de família e as contava(gesticulando muito) enquanto fazia pequenas fogueiras com os papéis juntados nas calçadas. passado muito da meia noite,e a lua já se escondia por trás de um casarão no outro lado da praça.
Durante o dia ela pouco alava, entretida com os trabalhos de casa.As poucas vezes que saía, era para ir a bodega no final da rua e as únicas palavras que escapavam de sua boca dirigiam-se a alguns vizinhos de sua idade: bons dias ditos sem querer olhar para o cumprimentado, a cabeça permanentemente baixa.
   Boquinha da noite, as que possuíam lâmpadas a gás acendiam-nas e as penduravam em um prego na parede da sala.noutras residências circulavam lamparinas de querosene, alumiando os últimos afazeres domésticos.Até que no mais tardar dez horas da noite, não se avistava mais a claridade filtrada através das frestas de portas e janelas.
   somente quando a rua parecia não ter mais vida, acendia-se uma lamparina na casa de cumeeira alta em frente a praça.A partir deste instante a velhinha adquiria vida nova, ralhava com uma filha, mandava impaciente a mais velha ir varrer a cozinha, depois controlava por muito tempo diante de uma rede vazia no quarto que fora da caçula.
Fragmento do conto  Lamparina, extraído do livro "dos Valores do Inimigo", de Pedro Salgueiro.

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