SE FOSSE
MAIS OTAVIANO NUM
TINHA AVIRISSIDO ISSO.
No
tempo em que não havia água encanada em Várzea Alegre, a água era transportada
em jegues, o pessoal colocava a cangalha, duas caçambas e quatro latas de
querosene vazias. Os condutores que transportavam a água da lavanderia até as
casas, eram na maioria das vezes os filhos mais novos, quando não estavam em seus
horários escolares.
Um
dia o Senhor Pedro Tonheiro chamou um dos seus netos e falou:
-
Vá porcurar Otaviano pegue o jumento e vão buscar buscar água na lavanderia.
-
Mas vô. Fáis tempo qui eu precuro ele e não acho. Seu Belizaro disse qui
incontrou ele indo pras Panela.
-
Então chame seu irmão mais novo e vá com ele.
-
Dá certo não vô. Ele é muito piqueno e só faz é atrapaiá.
-
Mas o jeito que tem é ser ele. Os potes já estão todos secos e não tem água nem
pra lavar um lenço.
Os
dois netos foram, encheram as latas, botaram nas caçambas e o mais novo ficou
na cangalha.
O
problema maior pra eles foi que o jumento deles era capado e sendo capado os
outros jumentos são danados para perseguir.
Pois
foi só o que deu. Quando saíram da lavanderia, vinha um jumento com uma carga
de lenha e partiu atrás. Antes de chegar na casa do ferreiro Manu, a carga caiu
com menino e tudo. As latas que eram quadradas estavam redondas de tanto
rolarem na areia.
O
neto mais velho não fez nada e nem podia fazer.
O
jegue capado foi encontrado um mês depois no sítio Timbaúba.
Quando
Pedro Tonheiro foi reclamar dos netos, dizendo que eles foram displicentes, o
mais velho justificou:
-
Vô. Num tem minino no mundo qui sigure um jegue capado, quando tem um jegue
inteiro detráis dele. Se fosse mais Otaviano num tinha avirissido isso.
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