A HISTÓRIA DE ANTONIO SILVINO 3 (continuação) -Marlucia Batista

 Estávamos todos juntos
na casa de José Gato;
Apenas o Rio Preto
estava doente no mato.
José matou uma rês
para nos dar melhor trato.

Eram oito horas do dia,
estávamos acalmados
quando inesperadamente,
por cento e vinte soldados
eu e os meus companheiros
nos vimos todos cercados!...

Eram dois os comandantes
deste reforço inteiro:
Alferes Paulino Pinto,
Da Paraíba, (o primeiro);
e o capitão Angelin,
de Pernambuco (um guerreiro).

Era uma luta medonha,
todo esse povo atirando!...
As balas perto de mim
passavam no ar silvando;
O tiroteio imitava
um tabocal se queimando!...

A polícia intrincheirou-se
de um riacho na barreira,
Donde nos fazia fogo;
Era uma boa trincheira:
Se eu não fosse cuidadoso
A tropa voltava inteira.

Durou mais de meio dia
este combate sangrento!!...
Faltou-me a munição;
deixei o acampamento,
e fiquei de fora olhando
da luta o movimento!...

Estando eu fora do cerco
dei ainda um tiro, que sinto
ter ele matado apenas
o Alferes Paulino Pinto;
Atirei nos dois, porém
um estava pouco distinto.

No tiroteio os soldados
seis cangaceiros mataram
e pegaram nove a mãos
que também assassinaram:
Como se sangra animais
eles aos homens sangraram!

Os que puderam fugir,
desembestaram a correr
Dizendo: __ O diabo é quem espera
para sangrado morrer!...
Cada qual mais precavido
procurava se esconder.

O sargento José Lopes,
vendo o alferes baleado,
mandou sangrar aos presos,
 obedeceu-o um soldado;
Não matei-o porque o rifle
estava descarregado.

Vi matarem todos nove,
de um a um, por escala.
Mataram todos a faca,
não quiseram usar bala;
Somente Antônio Francisco,
morreu sem perder a fala!...

Fugi do Surrão; no estado
de Pernambuco encontrei
a um dos meus inimigos,
Ao qual eu não perdoei.
Era o Sebastião Correia,
este com um tiro matei.

Em a fazenda Pedreiras,
distrito de Caicó,
estado de Rio Grande,
eu quase que fico só!
lá eu me vi apertado
qual moleque no cipó.

O tenente Tolentino,
nesta fazenda cercou-me
com uma força de policia
que, peito a peito, atacou-me!
nós trocamos muitas balas
e ele não amarrou-me.

Logo com o primeiro tiro,
 dois sargentos derrubei,
com uma bala certeira
 ambos de uma vez matei!
depois de dar outros tiros,
fora do cerco pulei.

Desta vez o Tolentino
matou-me seis cangaceiros,
dentre estes  um menino
que era dos meus companheiros.
o que tinha mais coragem;
seus tiros eram certeiros.

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