VÁRZEA ALEGRE NA COLUNA PRESTES - POR JOSÉ LEANDRO (DO LIVRO: DEPOIMENTO DE ZÉ LEANDRO)

A COLUNA PRESTES

Foto:historia-davida.blogspot.com

Quanto ao pedro Costa, tomou uma decisão em segredo E  faLou com cinco rapazes de 17 a 25 anos de idade, que eram eles: José Leandro, Pedro Menino, José Piau, Antônio Costa e Fransquinho Bitu. Tratou do assunto a cada um em separado e pediu segredo.Disse que ia para Arneiroz, esperar a passagem da Coluna Prestes, se integraria na mesma e pedia um pelotão da coluna para passar em Várzea Alegre tomara as suas vinganças e os cinco rapazes ingressariam na Coluna, seguindo a té aonde ela fosse.

Aconteceu que ao chegar em Arneiroz, a coluna já vinha desfalcada, por causa de um grande contingente ter seguido pelo Piauí com Juarez Távora. Pedro costa se apresentou munido com uma carta do Dr. Fernandes Távora, pediu para falar com o Comandante Prestes e foi feito o encontro. Tratou de suas intenções, mas Prestes aceitou a sua adesão e de um vaqueiro que já estava com ele e o fez ciente da impossibilidade de ceder um pelotão para passar em Várzea Alegre.O Pedro Costa aceitou assim mesmo e seguiu com o vaqueiro de seu lado. Foram designados para a função de batedores, uma das mais perigosas da Coluna. eles viajavam lado a lado da coluna e,  eram também responsáveis pela apreensão de boiadas e lotes de animais e mantimentos alimentícios. Eles tomavam tudo e davam ao fazendeiro uma espécie de vale para futuramente cobrarem do Governo o valor do montante da apreensão. Esta história eu ouvi do próprio Pedro Costa.

   Dentro de pouco tempo, Pedro Costa era capitão da Coluna, comandando uma ala dos batedores. Foram até a Paraíba e voltaram até a fronteira da Bolívia, onde acamparam e passaram a trabalhar na construção de uma ferrovia. Passados uns dias, Pedro Costa eo vaqueiro de Arneiroz se combinam para voltar. Próximo do dia da partida, o Pedro costa desistiu e o vaqueiro voltou só e chegou em Arneiroz.

   Na década de 50, o camponês José Bezerra, meu parente, conhecido por pai Zé, fundou a Associação de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas  de Arneiroz.Vindo a Fortaleza, para participar de uma concentração de camponeses, fez questão de ir almoçar um dia comigo em minha casa só para contar  tudo que o vaqueiro havia lhe contado. entre as façanhas, tinha uma que ele dava destaque:

   contava ele que o vaqueiro, de cor preta, dizia:"Pai Zé, eu nunca vi um homem branco brigar tanto quanto  Seu Pedro brigava. ele manejava o fuzil como se fosse uma enxada. Era pior que uma fera".Nessa altura, o Pai Zé perguntou: e você negão como fazia? o negão respondeu: "aonde ele botava o pé, meu pé tava ali encostado".

O Pedro ficou na Bolívia e com o tempo adoeceu. Para voltar, teve que faz\er uma campanha pedindo auxílio aos fazendeiros para voltar. Encontrou muita solidariedade.Quem não tinha dinheiro, dava um boi que ele vendia, transformava em dinheiro até que saiu da Bolívia e veio direto para Fortaleza. Chegando aqui, s encostou  a seu cunhado Chico Piau e ficaram negociando com fumo. Só foi aparecer em Várzea Alegre em 1930, com a vitória do movimento Tenentista, que mudou a política do Ceará e em Várzea Alegre.

Pedro Costa chegou ainda no quente da vitória. Reuniu justamente aqueles cinco rapazes do compromisso secreto de 1925, com excessão de Franquinho Bitu, que mandou em seu lugar seu irmão mais moço (João Bitu)*.Saímos pelo município, armados os seis, a procura de alguma resistência.Encontramos tudo em paz.

   Com a mudança da política, foi nomeado Prefeito um rapaz do grupo tavorista e eu fui nomeado delegado até o dia que tive de prender um camponês pobre.Embora ele tivesse merecido a punição, o caso me chocou  epedi a exoneração do cargo.

JOSÉ LEANDRO, EM Depoimento, 1988, págs. 29 e 30.

* nota do Blog: o Chico Piau citado era tio do Chico Piau que nós conhecemos. E o irmão mais novo de Fransquinho Bitu era Geraldo Bitu, mas em 1925 ainda era João Bitu( o que morreu solteiro).