O INHARÉ, MESTRE SILVINO E O REISADO.
Silvino Josué da Silva, mestre Silvino foi um dos mais antigos moradores do Inharé. Era um finíssimo artesão em produtos derivados do couro, calçados e, estabelecido, no local, no ramo de mercearia.
Sem precisar com exatidão a época, a historia a seguir parece-me ocorrência da década de 40 do seculo passado. Não é criação fictício, trata-se da mais pura verdade.
Reisado, na minha singeleza é avaliado como uma peça teatral com vários capítulos a apresentar. Primeiro a chegada triunfal na casa do amo para a apresentação. Depois apresentava-se o Boi, seguido pela burrinha, pinta pelelê, meliata, cavalo marinho, a velha e até o cão tinha sua vez.
Assistir muitas apresentações de reisado, especialmente no Roçado de Dentro onde a pratica, por tradição, era perfeita.
Mas, nesta eras idas, o Sanharol tinha o seu grupo de reisado, e, Mestre Silvino o convidou para uma apresentação em sua residencia no sitio Inharé.
O grupo de caretas era assim composto: Chico de Pedro André, Vicente de Antônio Bitu, Raimundo de Manuel Leandro, José de João André, Raimundo de Miguel Frazo, Janjão de Antônio Alves, e, o pai dos caretas, a figura central do reisado, a quem todos deviam obediência era o conhecido Frazo do Garrote.
Antes de terminar o espetáculo e o Cavalo Marinho botar a velha pra correr, mestre Silvino falou para os caretas: Tragam o pai dos caretas aqui na minha presença que eu dou dez rapaduras.
Frazo tentou correr, mais que nada, a essa altura, os cabras o abufelaram e suspenderam no ar enquanto ele gritava, com a voz de careta, a todo pulmão: larga, me larga, larga, me larga.
A certa distância a careta de Frazo caiu e ele passou a gritar com sua voz normal: me larga, me larga bando de fela da puta.
A fato é que Frazo nada podia fazer diante da força dos caretas acima citados. Os homens eram uns gigantes em fortaleza, e, o prêmio foi pago na hora.
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