CHARUTO SE VENDEU- POR ANTONIO MORAIS


Essa vai para o historiador Armando Rafael, meu amigo Carlos Eduardo Esmeraldo, o cantor, compositor e professor Jose Nilton Albuquerque, amantes da historia do Crato e de modo especial para o Dihelson Mendonça que registra em seus arquivos todas essas cruezas de nossa boa gente.Em décadas passadas, a APCDEC, promovia o torneio “intermunicipal”, contenda que premiava as equipes dos municípios interioranos que investiam no esporte da bola.Em 1974, Crato e Várzea-Alegre ficaram na mesma chave. No jogo de ida, o médico e desportista Antonio Valdir de Oliveira solicitou do prefeito de Várzea-Alegre Lourival Frutuoso toda atenção com o escrete cratense. Foi contratado o melhor hotel da cidade para fazer a hospedaria.Quando a delegação chegou Dona Emilia, a hoteleira, se esmerou na atenção e cuidados. Desembarcaram do ônibus de seu Orlando craques famosos como: Dote, Chico Curto, Anduiá, Netinho, Luis e Antonio Pé de Pato, Fruta Pão, Pirol, Cibito, o afamado artilheiro Pangaré e outros sob o comando austero do treinador e meu querido professor de historia Alderico de Paula Damasceno.Dona Emilia com muita lhaneza no trato cumprimentou a todos exigindo o nome de cada um deles. No final das apresentações, Gerçon Moreira que representava a imprensa, digo, a Revista Região do Osvaldo Alves, se apresentou como sendo o “Vigário da Batateira”. Vige Maria, Dona Emilia quase cai pra trás. Era muita honra hospedar um padre. Como ia poder fazer um atendimento diferenciado ao Padre sem que os demais percebessem? Os cuidados com a alimentação deviam ser dobrados visto que as 20 galinhas caipiras apimentadas e um “bacurim” de 20 quilos poderiam não atender e agradar ao paladar de todos, em especial do vigário que tinha maior retrocedência.O almoço foi servido numa mesa de pau darco medindo 08 metros de comprimento com um e meio de largura colocada na sala do centro do hotel. Dona Emilia espalhou as panelas pela mesa e numa delas havia um “molho pardo” que era a especialidade da casa. Quando Pangaré colocou o arroz e botou duas colheradas da “especiaria” e começou a misturar, Chico Curto, jogador cheio de nó pelas costas, metido a importante, cheio de nove horas, olhou de soslaio e disse: bicho, deixa de ser burro, “chouriço” agente come é no fim!Pra se ter uma idéia até água Dona Emilia havia mandado buscar em garrafões no Crato para agradar aos atletas. Dona “Anunciada”, chefe de cozinha dizia lá com os seus botões, Deus me livre e guarde, mas uma coisa está me dizendo, aqui no meu ouvido, que esse padre não é padre.Antes do jogo houve um principio de embuança por conta do arbitro. Anildo, o bode, queria porque queria apitar e os cabras de lá sabendo que alem de arbitro ele era vereador não aceitaram diante da possibilidade de uma misturação da arbitragem com campanha política. Depois da intervenção do João Ramos, presidente da APCDEC um arbitro se deslocou do Iguatu para apitar o jogo.O jogo transcorreu normalmente, o placar de dois a zero para o Crato era mais ou menos esperado. Nesse dia o artilheiro Pangaré não marcou. Os gols foram contra de Charuto, zagueiro da Batateira, que havia assinado contrato há bem pouco tempo com Várzea-Alegre.No outro dia, o zum zum zum se ouvia de boca em boca. O juiz roubou, deixou de marcar impedimento, que nada rapaz, você já viu gol contra ter impedimento, outro dizia Charuto se vendeu, ele é de lá, quem pode confiar em gente da Batateira? E dona Emilia bradava: só podiam ganhar até o Padre veio!Finalmente eu só não posso informar uma coisa, quando foi que Dona Emilia recebeu a conta! Venha hoje, venha amanhã, o prefeito viajou, a tesoureira está doente, o talonário de cheque acabou!Transcrito do Blog do Sanharol, de 15 de novembro de 2012

Comentários

AO ACESSAR ESTE BLOG VOCÊ TENHA O PRAZER DE SE DEPARAR COM AS COISAS BOAS DA NOSSA TERRA! OBRIGADO E VOLTE SEMPRE!