A Fuga de Zé de Mariana - Por Giovani Costa

Transcorria o ano de 1900, segundo os historiadores, ano de uma das maiores secas do Nordeste. Ninguém sabe precisar o dia e o mês, mas na casa de José Alves de Morais (Zé  de Mariana), nascia uma menina. Como era de costume, logo depois do parto teria que ser servida uma refeição forte para a parturiente, de preferência pirão de galinha caipira.
Como não tinha a farinha, José  saiu dizendo que iria comprar e voltaria muito depressa. Mas nunca mais apareceu. Dizem que ele teve uma grande raiva da mulher.
Sabem o que aconteceu? Vejam o trecho transcrito do blog memoriavarzealegrense escrito por A. Morais:
" Ele era artesão, fazia tabaqueiro, um artefato de chifre de boi que colocavam algodão e com o atrito de um esmeril numa pedra a faísca acendia o algodão e se podia acender cigarros e outras utilidades. Nestes seus artefatos ele colocava uma marca, um sinal, tornando-o diferenciado dos outros, conhecido.

Um dia, um várzealegrense passava por uma cidade do Maranhão, e viu um garoto vendendo uns tabaqueiros com a marca conhecida. Perguntou para o garoto quem fazia e o garoto indicou o local onde se podia encontrar o artesão.

Dirigindo-se ao local encontrou numa cabana improvisada com umas palhas, debaixo de umas palmeiras de coco babaçu, o Zé de Mariana lixando uns chifres para fazer os seus artesanatos e uma mulata sentada no chão quebrando as amêndoas do coco babaçu, alem de uma panela numa trempe preparando o almoço.

Compadre como é que você abandonou sua propriedade, seus bens, sua família para viver nestas condições? Jose de Mariana respondeu: a única coisa que espero é que você não diga a ninguém que me viu aqui!

Chegando a Várzea-Alegre, não se conteve e contou a família. Dois dos filhos convidaram o padre da época e rumaram para o Maranhão à procura do Pai. Encontraram a mesma cena. O Padre tomou a frente da conversa e tome conselho enquanto Jose continuava lixando os chifres e a mulata quebrava os cocos. Certa altura o padre disse para os irmãos: Não tem jeito não, uma coisa dessas só pode ser mesmo um feitiço! A mulata se aborreceu com a historia, se levantou colocou a mão em cima do possuído e lascou: O feitiço ta aqui!

Os filhos voltaram para Várzea-Alegre e Zé de Mariana tomou rumo ignorado. Não se teve mais noticias.

Em Várzea-Alegre, quando a mulher começa com lera, o marido costuma dizer: Olhe, você deixe de moca se não eu faço como Zé de Mariana"

" O Resguardo". obra de Mestre Vitalino, Fonte: www.rioecultura.com.br

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