Atentado Contra D. Pedro II (1889) ( Do ebook: O Rio de Janeiro através dos Jornais, de João Marcos Weguelin

Diário do Commércio, 16 de julho de 1889
"SS. MM. e S.A. Imperial e S.A. o Príncipe D. Pedro, com
seu séqüito, se retiravam do teatro Sant'Anna, à meia-noite de
ante-ontem, quando no meio de um grupo que se achava à
porta do mesmo teatro partiu um viva à República. Abafado
esse viva sob palavras e vivas à monarquia, a D. Pedro II e à
família Imperial, gerais e estrepitosos, houve um ligeiro
conflito, que mais susto causou do que teve resultados
funestos.
No meio desse tumulto, e aclamados pela multidão, puderam
os Augustos espectadores tomar o seu coche e retirar-se com
sua comitiva e guarda. Apesar, porém, da retirada de SS.
MM. e AA.., a agitação continuou por algum tempo e
propagou-se pela vizinhança do teatro. Quando mais forte era
o tumulto ouviu-se a detonação de um tiro de revólver, que
foi dado próximo ao carro de SS. MM. quando este partia em
direção do Paço da Cidade.
Grande foi a confusão que causou esse atentado, que ninguém
podia prever nem esperar, o que deu lugar a ser impossível,
na ocasião, prender-se o criminoso, que evadiu-se,
aproveitando-se do barulho e ocultando-se no meio da grande
multidão que estava no local.
Entretanto, o agente da polícia Paulino Alberto de Magalhães
capturou o espanhol Ramon Gonçalves Fernandes sobre que
caiam as suspeitas da autoria do crime. Em seu poder não foi
encontrada arma alguma, nem foram suficientes as provas
contra ele, pelo que foi posto em liberdade ontem de manhã.
Quando procediam as autoridades às primeiras diligências
chegou ao seu conhecimento que era conhecido o autor do
atentado, que havia sido visto pelo Sr. Antônio José Nogueira,
empregado do Maison Moderne.
Por essas indicações, das 2 para as 3 horas da madrugada, o
1o delegado de polícia, Dr. Bernardino Ferreira da Silva
conseguiu prender, em um bonde da Companhia de Botafogo,
na rua de Gonçalves Dias, Adriano Augusto do Valle, que
fôra acusado de ter disparado os tiros de revólver."
Diário do Commércio, 17 de julho de 1889

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