Leite adulterado, uma prática bem antiga

Com todas as denúncias feitas pelos meios de comunicação da época, contra a desonestidade de alguns criadores de gado, que vendiam o leite adulterado para ter mais vantagens sobre os consumidores seus produtos, era sabido que a adulteração do leite era muito prejudicial à saúde daqueles que consumiam produtos dessa natureza. No entanto, mesmo com o passar dos anos, nada foi feito para mudar essa prática que continuava acontecendo naturalmente, sem levar em consideração o bem estar da população, que, desprotegida, consumia o leite e seus derivados com riscos para a saúde de todos. A necessidade de se ter um controle sobre o processo de higienização do leite se fazia salutar, embora não houvesse uma forte preocupação com a qualidade do leite e seus derivados, mas sim com a quantidade do produto vendido e com os lucros que os mesmos possibilitavam aos fazendeiros e demais criadores de gado. Também, era vista, nesse tipo de criação uma verdadeira fonte de renda sem muitos custos. Afinal, a criação do gado, dispensava um grande contingente de mão de obra e sua alimentação era de fácil acesso, de maneira a possibilitar um maior rendimento ao criador. A ordenha das vacas leiteiras também não exigia tanto e ao vender o leite e seus derivados seria sem maiores preocupações, uma vez que muitos desses derivados eram produzidos nas cozinhas, pelas mulheres da família, não remuneradas pelos serviços que exerciam.No interior de Pernambuco a prática de fabricação de queijo e requeijão era realizada pelas mulheres, em sua maioria. O objetivo da produção de tais alimentos era o de auxiliar nas despesas domésticas, com a venda dos mesmos, e o de aproveitamento do excedente do leite. Entre tantas outras, essa tarefa era da dona de casa que vivia no campo, para evitar o desperdício de qualquer alimento produzido em sua fazenda ou sítio. Os alimentos eram levados para as cidades e vendidos em feiras livres. Também eram comercializados junto a alguns moradores das cidades que pagavam diárias e recebiam o leite em sua porta com a certeza de terem adquirido um produto de boa qualidade, a partir do momento que o fornecedor era de sua confiança. Esse costume perpetuou--se pelas gerações. Quanto às condições climáticas, destacamos, mais uma vez, que, em período de seca, a produção do leite tornava-se escassa e, às vezes, prejudicava a produção de queijo. Havia, naquele espaço, poucos produtores que tinham uma boa estrutura na atividade pecuarista para poder se defender das mudanças provenientes do clima. Considerando o que dizem as memórias locais, com o passar do tempo, os produtores passaram a ter mais uma preocupação com a criação de gado, que dizia respeito à saúde do animal, a fim de obtenção de um produto de melhor qualidade em se tratando de carne, leite, queijo e requeijão. Essa preocupação com a saúde do gado ficou evidente quando se tratou de vacinar o animal contra qualquer tipo de doença. O objetivo era torna-se mais competitivo no mercado, com a venda de produtos de boa qualidade. Com essa medida, alguns pequenos produtores cresceram no mundo da pecuária. Eles tiveram uma visão futurista sobre a produção e comercialização, principalmente aqueles que dispunham de condições financeiras para investir nesse campo produtivo. Aqueles que não dispunham de condições favoráveis para investir em sua criação, passaram a fornecer seu produto para os grandes pecuaristas. Esses pecuaristas adquiriam o leite de pequenos sitiantes a preços módicos e o forneciam com um preço mais elevado às indústrias de laticínios instaladas nas áreas de maior produção do leite, que, posteriormente, ficou conhecida como Bacia Leiteira de Pernambuco.

Fonte: livro: O Queijo coalho em Pernambuco, histórias e Memória

Família do Sr. Júlio Pacheco Freire, Na FAZENDA
VENCEDORA (ano de 1942), onde eles fabricavam
e comercializavam Queijo de Coalho

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