A MORTE DE JOSÉ PAULO BESERRA, PRIMO DE LAMPIÃO

A MORTE DE JOSÉ PAULO BEZERRA PRIMO DE LAMPIÃO Em uma perseguição ao bando de Lampião no ano de 1926, chegaram à cidade de Flores PE, o Tenente José Guedes e o Sargento Clementino Quelé da polícia paraibana. Em Flores, os paraibanos receberam reforço do Anspeçada Manoel Teotônio de Souza, com nove praças. De Flores, os paraibanos seguiram para o distrito de São João dos Leites, onde prendeu um homem por nome de Adriano que, depois de um longo interrogatório, confessou vir do povoado de Roças Velhas, localizado na aba sul da Serra Grande, para ali fazer compras para Lampião e seu grupo. Também foi preso em São João dos Leites, José Paulo, primo de Lampião. No dia seguinte, a Força levantou acampamento, conduzindo presos Adriano e José Paulo. Em Roças Velhas, a Força não encontrou o bando, Lampião desconfiado com a demora do portador Adriano, concluiu que fora preso. Retirou-se rumo à Serra Grande, para onde avançou a Força. No pé da Serra, viram que os cangaceiros haviam subido a mesma, a Força seguiu na pista. A certa altura, os soldados caíram em uma emboscada, ficou feridos, nos primeiros tiros, o bravo Anspeçada Manoel Teotônio, que foi atingido na clavícula esquerda, saindo o projétil em cima "da pá". Devido à má posição, a Força recuou, ficou no alto da Serra apenas o Anspeçada Teotônio que, só a muito custo, arrastando-se conseguiu distanciar-se do local. Quando já distante, julgando-se fora de perigo, levantou-se. Foi novamente alvejado e atingido em uma perna, caindo fortemente ferido. Sua salvação foi o soldado pernambucano Pedro Miguel do Nascimento, que vendo o superior com a vida em perigo, enfrentou os inimigos com bravura no sentido de salvar a vida do companheiro. Dizia Manoel Teotônio que devia sua vida ao soldado florestano Pedro Miguel do Nascimento. No referido fogo, foi morto pela polícia paraibana, o primo de Lampião, o prisioneiro José Paulo Bezerra. Depois do recuo da Força, Lampião seguiu em direção das Ribeiras de Caiçarinha, Cipó e de São João do Barro Vermelho. Na Ribeira do Cipó, Lampião chegou à residência de Artur Leão, pediu água e perguntou se Artur já sabia quem tinha morrido, Artur respondeu que não, Lampião disse que foi seu primo José Paulo. Havia sido morto pela polícia paraibana em um fogo travado na Serra Grande. Quando Lampião deu a notícia da morte de seu primo, às lágrimas lhe rolaram nas faces. As mesmas enxugavam com um grande lenço preto, que conduzia no pescoço. Exclamou Lampião que, na realidade, era um bandido, mas que o primo não era, e sim um homem muito calmo e muito trabalhador, que nada tinha a ver com a vida infeliz dele. Adiantou mais que, tudo aquilo só se queixava de José Saturnino e dos Nogueiras que, se morresse sem dar fim àqueles pestes, sabia que iria para o inferno. Ainda no Cipó, na residência de Cassiano (Quelé do Cipó), o Capitão Virgulino disse que estava seriamente contrariado com a morte do primo José Paulo. Ainda falou em José Saturnino e nos Nogueiras, pois era só de quem se queixava, porque tinha sido eles que o levaram para aquela infeliz, triste e desgraçada vida. Um dia teria de vingar-se de tudo. Quelé muito o aconselhou, pedindo calma, que se conformasse com a sorte. Respondeu Lampião: "E, ti Quelé, o que tenho sofrido e passado na vida, não posso ter mais calma. Não posso ter mais paciência, nem também posso perdoar inimigo. Por causa de tudo aquilo, perdi na pior miséria, o meu irmão, e agora estão matando os primos, que nada tem a ver com minha vida". Findo o fogo, o Tenente José Guedes, com o seu auxiliar, o Sargento Clementino Quelé e o famoso rastejador paraibano, soldado Belo Apolinário, regressaram a Flores e dali a Princesa Isabel PB. Fonte: Memória de um Soldado de Volante De: João Gomes de Lira Na Foto da Família Ferreira, José Paulo é o número 1. Foto da sepultura de José Paulo no cemitério da fazenda Santana, distrito de Caiçarinha da Penha, Serra Talhada PE, foi construída a mando de Lampião.

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