MACAXEIRA FINA - POR MUNDIM DO VALE

MACACHEIRA FINA Luís de Munduca, nascido no sítio Iputi, município de Várzea Alegre, foi o parente mais próximo do pai e da mãe que eu já conheci. Era filho e sobrinho do pai e filho e sobrinho da mãe. Seus pais eram irmãos de sangue. Luís nasceu de cinco meses pesando apenas quatrocentos gramas. Como na época não existia incubadoras nem na capital, o jeito que teve foi o pai botar o bebê debaixo de uma cuia e dar umas pancadas. A criança sobreviveu mas foi crescendo lento e gradual, assim como mandacaru que nasce em telhado. Quando completou um ano já pesava um quilo e uma quarta, mas sempre desnutrido. No aniversário de dois anos adoeceu de desidratação e ficou vazando por cima e por baixo. Já estava com os dois olhos fechado, quando mandaram chamar Rita rezadeira no sítio Volta, que já chegou com um rama de cabaça. Rita deu dois passes mas Luís só abriu um olho. Depois o pai colocou a criança num bornal e levou para o Guarani para ser consultado por Jorge Siebra. Jorge examinou a criança e disse que tinha de aplicar uma injeção, mas não achava um local. Olhou para mãe e perguntou: - Me diga uma coisa? Ele ainda está mamando? - Basta! Ele só veve pindurado nos meus peito. - Então eu vou aplicar a vacina na senhora, que vai servir, porque ele não tem lugar para que seja aplicada. Quando completou dezoito anos, Luís já sabia cantar a valsa do vaqueiro e assoviar asa branca. Certo dia resolveram levar Luís para as novenas de São Raimundo, e quando passavam na casa de Chico Inácio, entraram com ele para a madrinha abençoar. Depois de abençoar, a madrinha serviu um bife, quando ele terminou ela perguntou: - Que tal Luís. Gostou? - Gostei madrinha mais eu acho mais mió é quaiada. Chegaram na cidade levaram Luís para as novenas, pagaram as promessas, botaram para rodar no carrossel Lima e em seguida foram com ele para tomar uma sopa de macarrão, no café de Domicilia, que era uma das atrações da festa de agosto. Domicilia serviu a sopa e foi atender outros fregueses, mas cada vez que passava perto de Luís ele puxava o vestido dela. A proprietária Do café já encabulada com aquela situação falou: - O que é que tu quer Luís? Tu não tá vendo que eu estou ocupada! Luís pegou a colher com macarrão e falou: - Mais dona Domicila eu só quiria era saber adonde foi qui a sinhora achou macacheira tão fina.

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