MADRINHA ANTÔNIA CABELEIRA - POR TIBÚRCIO BEZERRA DE MORAIS NETO

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MADRINHA ANTÔNIA CABELEIRA

Quase todo menino nascido entre as décadas de 40 e 60 chamavam-na de madrinha. E não só. Por trás daquele tratamento carinhoso, devotavam-na respeito e muita admiração. Fui um deles. Ainda hoje, quando o momento evoca o seu nome, a vejo personificada na nobreza de uma mulher pobre, cuja vida dedicou-a à atividade de parteira.

Sem maternidade e sem obstetras, Várzea Alegre dependia da habilidade das parteiras para assistirem às parturientes da época. Formadas na escola da intuição, em frequentes vezes, deparavam-se com partos difíceis. Quase sempre agiam com sucesso, porém, sem maiores conhecimentos técnicos e faltando-lhes instrumental adequado para procedimentos cirúrgicos, perdiam alguns desafios.

No que pese serem solicitadas para ricos e pobres, a qualquer hora do dia ou da noite, sob a inclemência  do sol em zênite ou sob a trovoada das noites de inverno, lá estava a parteira, sempre sóbria e comedida para tranquilizar a todos os circunstantes.  A simples presença da parteira enchia de confiança suas pacientes, como se a seu lado estivesse presente um anjo de Deus.

Madrinha Antônia carregava em si uma força estranha, razão porque tornou-se uma espécia  de líder dentro da classe, chegando a assistir a mais de mil partos durante a sua vida. Depois de crescido continuava a lha pedir a benção e estimava-a como se fosse ela uma espécie de segunda mãe. A despeito de toda aquela dedicação nada cobrava pelo trabalho. Dependia da generosidade da cliente, de quem recebia pequenos adjutórios.

Binômio de pobreza e dignidade, manteve por vários anos,  com seu filho Alexandre, um negocinho paralelo, nos alpendres do mercado velho, contíguo à mercearia do senhor Zé Augusto. Ali, mantinham um moinho de sal e uma venda de cocadas. Isto no tempo em que a cidade só conhecia o sal em pedra.

Por vezes, ajudei a moer sal e, em troca, sempre ganhava uma cocadinha, que, a bem da verdade, achava uma gostosura. Morreu velhinha, mas jamais saiu da memória daqueles a quem ela assistiu no nascimento. Tenho orgulho hoje de haver sugerido e de ter aposto uma placa com seu nome na rua em que ela morou a vida inteira. Madrinha Antônia também foi uma das construtoras de Várzea Alegre..

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