APOIS EU SOU É BORIS
No ano de 1.965, esse contador de causos e mais alguns jovens de Várzea Alegre, fundaram uma pequena sociedade esportiva que tinha o nome de Charanga Esporte Clube. Tocando samba a gente animava a torcida do time e o carnaval de rua da cidade.
Certa vez o Dr. José Iran Costa, convidou alguns componentes da charanga para uma festa no Sítio Riacho Fundo de propriedade do seu pai André Costa.
Noberto Rolim, um dos integrantes, conseguiu com o seu pai Jocel Batista uma camionete para nela transportar os instrumentos e o pessoal. Quando nós estávamos de saída chegou Boris Gibão com a maleta do caipira pedindo uma carona. Noberto com muita gentileza concordou e ele foi conosco. Chegamos no sítio por volta do meio dia e já estava rolando; Bebida, churrasco, banho de açude e forró com Chico de Amadeu. Boris instalou uma banca na varanda e começou a bancar o caipira. Em menos de duas horas alisou os moradores dos sítios vizinhos. Ninguém conseguia ganhar, quando alguém jogava no três Boris amarrava o seis, quando jogavam no seis ele amarrava o três e assim só ele ganhava.
Quando Boris notou que ninguém tinha mais dinheiro, inventou que seu jumento tinha fugido e gritou:
- Ei negada! Meu jumento Sabonete fugiu e agora eu num sei cuma é qui vou vortar. Se um de vocês achar eu dou cinqüenta cruzeiros.
A matutada ganhou os matos atrás daquele jegue foi com vontade. Chegava gente com jumento preto, cinzento, branco, jumenta parida e até burro. Teve um sujeito que trouxe até a cabra de Maria da Vazante.
Quando o anfitrião viu que a brincadeira estava tomando um rumo perigoso resolveu intervir:
- Pessoal! Boris não perdeu jumento coisa nenhuma. Ele veio foi na camionete de Jocel junto com aquela cambada de meninos zoadentos.
No meio dos não convidados tinha um da serra Boris. Fazenda bonita e produtiva, que era da propriedade da família Boris, detentores durante muitos anos do consulado francês no Brasil e ainda exportadores do café cearense colhido na serra de Baturité. Mas o local também era conhecido como um lugar violento. O não convidado não gostou da brincadeira e ficou o tempo todo encarando Boris com expressão ameaçadora.
Quando foi lá pelas duas horas da madrugada, Boris e o elemento já bastante embriagados começaram a discutir na varanda. Já estavam nas ofensas quando o sujeito colocou a mão por baixo da camisa simulando que estaria armado.
João Siebra e Joãozinho Costa que estavam próximo imobilizaram o elemento, enquanto Dr. Iran aconselhava Boris para que não fizesse a sua festa se transformar numa tragédia.
No momento em que tudo parecia tranquilo o sujeito da serra Boris deu um pulo, olhou para Boris e falou:
- Você tá pensando o que? Eu sou é da Serra Boris.
Boris levantou os braços e gritou:
- Grande coisa! Apois eu sou é Boris.
Naquele dia faltou pouca coisa para Boris ser sepultado no Rubão.
Comentários
Postar um comentário