ASSIM PASSARAM-SE 108 ANOS.
Voltemos um século no tempo e chegaremos a um mundo totalmente estranho. Diferente até nas coisas mínimas. As casas, os costumes e o modo do povo viver tinham modelos rústicos e muito primitivos. Homens e mulheres dividiam-se nas tarefas de garantirem o futuro das famílias..
O homem era roceiro, vaqueiro e artesão. A mulher era a dona da casa.. Cozinhava, costurava e cuidava.dos filhos Havia criados, aquelas pessoas agregadas à família, desde criança, a quem competia lavar roupa, pisar no pilão e vigiar a criançada.
Naquela dinâmica cresciam moças e rapazes que acabavam casando-se cedo, geralmente com vizinhos conhecidos ou com parentes próximos. Formavam-se assim as famílias rurais, que, sem crises existenciais, acabavam todas felizes, dentro daquela realidade, que hoje seria muito questionada.
Há cem anos, dona Ana Leandro Bitu já tinha 8 anos, portanto em pleno uso de razão , igual a um botão que se preparava para transformar-se em flor. O que estão dizer de alguém que venceu o tempo e conseguiu viver até hoje?
Morando no sítio, casando-se jovem, construindo uma numerosa família, e enfrentando a vida difícil da roça, entre muitas dores e incertezas, Dona Ana Leandro encontrou em si mesma as armas da superação.
Religiosa, paciente e, sobretudo, amável, soube viver com estilo cada momento dos 108 anos que Deus lhe concedeu. Foi filha, esposa e mãe, status que lhe valeram uma elevada dose de santidade, o que demonstrou na candura das suas ações de mulher..durante a vida inteira.
108 anos passaram-se e, justo agora, Deus levou a sua serva para a morada dos justo, privando-nos do convívio de uma ilustre amiga e conterrânea e arrefecendo em nós o orgulho de contarmos com uma das criaturas mais longevas do Estado do Ceará. Em nossa memória, pereniza-se o exemplo da grande mulher que ela foi. .
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