GENEALOGIA CEARENSE: O BACAMARTE DOS MOURÕES


GENEALOGIA CEARENSE

A vida no sertão de Crateús e Independência-CE não era para os fracos e daria um filme épico. Desde o séc. XVIII quando, por ali, chegaram os pioneiros Monte e Feitosa, houve disputas sangrentas pelo poder e hegemonia.

Chega o séc. XIX e, logo chegam os Mourão, os Mello, os Ferreira Santiago, os Moreira, os Soares do Carmo, os Rodrigues de Almeida, os José da Rocha, os Bezerra, os Macêdo, os Oliveira, os Sabóia, etc.

Continuaram as tocaias, tiroteios, execuções sumárias, a imposição pela força e violência, a lavagem de honra e as disputas fundiárias; de um lado, o Partido Liberal, composto pelos Mourão, pelos Mello. Do outro, o Partido Conservador (Moquecas), composto pelos correligionários e pela parentela de Francisco Fernandes Vieira (Visconde de Icó), chamados também de "Carcarás", os Ferreira Santiago, os Moreira, os Oliveira, os Rocha, os Soares, os Sabóia. Nessa época, nessa região, o Partido Liberal era liderado pelo Pe. Ignácio Ribeiro Mello e o Partido Conservador era liderado pelo Pe. Francisco Ferreira Santiago.

Entre os mais temidos e perigosos facínoras destes dois grupos rivais temos, nesse período, Alexandre da Silva Mourão, do famoso e numeroso clã de valentões e Joaquim Domingues Moreira, o Joaquim "Moqueca", feroz e sanguinário.

Alexandre da Silva Mourão nasceu em Crateús em 8 de janeiro de 1811. Filho do capitão Alexandre da Silva Mourão e de D. Úrsula Gonçalves Vieira, neto do capitão-mor Antônio de Barros Galvão. Foi um terrível e, praticamente, imbatível cangaceiro. Sempre a cavalo, encouraçado e com seu famoso bacamarte à mão, empregou o terror em seus adversários pelas Províncias do Ceará, Paraíba, Piauí e até pelo Maranhão, onde se envolveu na Guerra da Balaiada. Bandoleiro de vida livre, pouco esteve fixado a determinado lugar. Viveu uma vida de justiceiro, vingando crimes contra seus parentes, executando autoridades e desafetos, que sucumbiram pela boca do seu bacamarte. Foi presidente da Câmara de Ipu, juiz municipal substituto, delegado de polícia e capitão de cavalaria do município de Villa Nova.

O tenente coronel Joaquim Domingues Moreira, o Joaquim "Moqueca", nasceu por volta de 1810 provavelmente também em Crateús. Era sobrinho do Visconde de Icó, irmão de Cândido Moreira de Oliveira e do magistrado Umbelino Moreira de Oliveira e sobrinho do Pe. Francisco Ferreira Santiago. Sanguinário correligionário do partido conservador, foi o chefe da quadrilha que consumou a chacina contra o Pe. Ignácio Ribeiro Mello e sua comitiva, numa tocaia realizada em território paraibano, onde o padre foi amarrado a um mourão de cerca, esfaqueado e mutilado, tendo suas orelhas e nariz colocados num saco como prova. A turba entrou em Independência com suas partes em clima de festa promovida pelo Partido Conservador. Mesmo com muitas mortes nas costas, Joaquim "Moqueca" chegou a ser delegado de polícia, chefe da Guarda Nacional e até Deputado Provincial pelo Ceará.

Minha mãe descende dos Soares do Carmo, dos José da Rocha, dos Rodrigues de Almeida e dos Oliveira/Moreira sob os nomes de Victoriano José da Rocha (meu tetravô), Manoel da Rocha Oliveira (meu tetravô), Antônio Soares do Carmo (meu pentavô). Joaquim Domingues Moreira aparece como padrinho em muitos eventos de batismos e casamentos dos meus antepassados já documentados em Crateús e Independência e estamos próximos de comprovação de que os Carcarás eram uma só parentela.

Texto: Ramssés Silva

Fontes: O Bacamarte dos Mourões; Memórias de Alexandre da Silva Mgourão; Pequeno Tratado Genealógico de Crateús e Independência-CE; Geneagrafia dos Mello e Histórico de Crateús.

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