Eu e Dirceu na Monga - Por Rodrigo Rolim


Quarentena 21 - Eu e Dirceu na Monga

Quando João era mais novo, na fila do Homem-Aranha no Universal Park em Orlando, um Canadense nos explicava, em inglês, que aquele era o brinquedo mais realista dos EUA, e seria a maior emoção... Eu, na mesma hora, balanceei o papo com um contra-argumento à altura. Em “inglês-caririense”, eu disse:
- “Caba véi”, a Monga, segundo mãe, passou 22 anos sem ir em Várzea Alegre City. No seu retorno à Festa de Agosto, eu e meu amigo Dirceu Costa, ambos com 11 anos, aguardávamos a montagem do parque diariamente. Os brinquedos começavam a ser instalados no começo do mês para somente funcionarem no dia 21. Saíamos da escola comentando sobre o evento - sobre a física, os jogos de espelho, onde estaria guardado o primata, enfim, a novidade da Monga... Encostávamos no alambrado e assistíamos os serviços de engenharia até dar fome.
Chegado o dia 21/08, as 17:00hs, estávamos, prontos e animados. Os montadores acompanharam a nossa ansiedade - e ativaram, talvez, o modo “hard” nos efeitos especiais (devem ter empurrado cachaça na “Macaca”). Eu e Dirceu, na fila, inauguraríamos a atração. Só os dois. Entramos. Sentamos no primeiro banco. Enquanto iam apagando as luzes, eu olhava para gordinho, e dizia: “vamos pra banqueta de trás...”. Quando na fila de trás, ele dizia o mesmo. Íamos pulando, pulando... Quando começou o show, já estávamos, os dois, um ao lado do outro, na porta. A coragem foi embora junto com a iluminação. A mulher dançou, entrou numa jaula, fechou a grade, ficou triste, a música ficou pior que ela; e estava lá a “metamorfose” - “a meia noite buscarei a tua alma!”. O macaco se debatia e pulava num escuro assustador. Eu achava que o espetáculo resumia-se ao show de ilusionismo e, é claro, veriamos um símio qual na segurança de em um zoológico. Quando o filho de uma égua do locutor falou: “desperta, Monga! ... não, não, não faça isso! Páh!” A macaca se soltou. Dirceu, mais forte, derrubou o bilheteiro com porta e tudo. O espetáculo era em frente ao Banco do Brasil; dali, o gordim partiu para a Santa Rosa e eu para a Lavanderia.
Olhei então para o gringo que ouvia a história. Talvez fantasiado pelo mito da “Floresta Tropical” ou pelo meu inglês ruim, ele já encarava um prato gorduroso de queijo que comia com uma cara de espanto. Acho que esperava que eu dissesse que a macaca tinha devorado o gordim! Daí, vi que ele estava confuso e concluí:
- Bem, se eu não sair, depois de rodar aí, largando teia pra tudo que é lado; eu ainda digo que a emoção na Monga da Festa de Agosto foi maior!

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