*Nós, Os Mortos!*
Nós, os mortos do futuro
Acordamos logo cedo
Tomamos a frieza do café
Requentado de saudade
Em nosso peito vazio
E seguimos demoradamente
A visitar os mortos de ontem
No leito incerto e sombrio.
Limpamos os nossos corpos
Lavamos os nossos túmulos
Enxaguamos as nossas almas
Vasculhando as nossas lembranças
Enxugamos as nossas dores
Acomodamos as nossas velas
Abandonamos as nossas flores...
Depois, retornamos à outra morada
Rogamos mais um pouco de tempo
Porque célere é o nosso passamento
Roído de carne e ansiedade
Restos mortais de ossos e vento
Quanto efêmera é a nossa eternidade!
Assuero Cardoso/Lagarto-Sergipe
02 de novembro de 2020.
Comentários
Postar um comentário