CANUDOS ONTEM E HOJE
No dia 5 de outubro de 1897 selou-se o desfecho de um dos episódios mais dramáticos da história do Brasil.
Tudo começou quando o recém-instalado governo republicano, com o apoio de setores da elite brasileira, decidiu exterminar a comunidade sertaneja de Canudos, mobilizando para isso mais da metade de todo o efetivo do exército.
Milhares de sertanejos, incluindo seu líder - Antônio Conselheiro - foram mortos durante o conflito. Do lado oposto, outros milhares de soldados, provenientes do Brasil inteiro, também perderiam a vida.
O confronto sangrento entre os dois lados resultou numa das maiores carnificinas da história do País.
Era a guerra fratricida de Canudos.
Após um ano de conflito civil-militar, em que brasileiros se bateram contra brasileiros, o arraial - outrora repouso dos pobres e injustiçados -, havia se reduzido a um amontoado de cadáveres, cinzas e escombros.
Passados 124 anos, Canudos é uma chaga aberta no seio da nação, à espera de ações concretas que possam reparar de uma vez por todas os terríveis danos provocados pelo Estado Brasileiro - com o apoio das elites políticas, econômicas e religiosas - contra pobres e pacatos sertanejos que outra coisa não defendiam senão o direito a uma vida digna, livre do jugo dos senhores da terra e do voto.
O sertão exige de quem de direito uma resposta à altura dos ideais do Conselheiro e de seus fiéis seguidores.
Essa resposta é urgente e terá de vir, indubitavelmente, em forma de políticas públicas. Políticas públicas justas, eficientes e capazes de conferir plena dignidade à brava gente sertaneja.
Quando isso acontecer, o Brasil estará a alguns passos de se redimir perante o sertão ensanguentado.
José Gonçalves
Conheci muitos parentes de Antonio Conselheiro, quando morei em Quixeramobim, sua terra natal.
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