OS 87 ANOSQUE LAMPIÃO INVADIU SERRINHA DO CATIMBAU - Por Junior Almeida

 


OS 87 ANOS QUE LAMPIÃO INVADIU SERRINHA DO CATIMBAU 



Por Junior Almeida 



Serrinha do Catimbau, antigo distrito de Garanhuns, hoje município emancipado de Paranatama, se viu em sérios apuros naquele sábado 20 de julho de 1935. O motivo de tanta apreensão por parte dos moradores, era nada mais nada menos do que a notícia do eminente ataque do Rei do Cangaço e parte da sua horda. 



Segundo o inquérito instaurado depois da ação criminosa, estavam na ação Virgulino Ferreira, o Lampião, sua companheira Maria Bonita, Maria Ema, Medalha, Fortaleza, Juriti, Moita Braba e Gato.



No dia anterior, sexta-feira, 19, depois de entrar em Serrinha pelo Sítio Timóteo, divisa de Pedra, Caetés e Garanhuns, seguiram até o Sítio Azevém, onde assaltaram a casa e bodega do casal Zé Basílio e Maria Gracinda, a Branca. Neste sítio, “duzentas braças” de onde se encontrava o chefe de bando, seus cangaceiros estupraram as duas irmãs do dono da casa; Antônia e Josefa. Do Azevém a súcia foi para o Sítio Queimada do André, onde assassinaram covardemente o idoso José Gomes.




Já na vila, distante aproximadamente uma légua do local deste crime de morte, o bando de Virgulino Ferreira foi recebido à bala, numa heroica e arrojada resistência liderada por moradores locais, tendo à frente João Caxeado e Ozéias Correia. 



No chamado “fogo de Serrinha”, Lampião sofreu uma de suas mais desmoralizantes derrotas, pois além de ter sido morto um cachorro do bando, Maria Bonita, companheira do rei do cangaço, foi baleada duas vezes: um na “pá”, como disseram os depoentes, que viram a baianinha baleada, e outro nas nádegas. Virgulino Ferreira bradou seu ódio ao sair da vila, jurando o povo do lugar. Criativos versos produzidos pelos locais, mas atribuídos ao célebre cangaceiro diziam:



       Mataram o meu cachorro

       Balearam a baianinha

       Quando nós voltar

       Toca fogo em Serrinha.



Lampião e seus cabras saíram corridos de Paranatama. Foi muita bala. Se ficam morriam. A vitória dos resistentes foi a glória do bravo povo de Serrinha. Seus combatentes demonstraram galhardia e desassombro, mostrando que é terra de homens valentes, briosos, embora depois viesse o medo das pessoas simples daquela terra, pois não se poderia desprezar em nenhum momento as ameaças de Lampião. Passados 87 anos deste épico episódio, a população local se orgulha em ter imposto ao maior de todos os cangaceiros uma derrota inesquecível.



Para se ter noção da importância deste tiroteio na história do cangaço, Maria Bonita que foi baleada em Serrinha, até a data de sua morte, em Sergipe, três anos depois, teve sequelas por conta do ferimento. Vivia a escarrar sangue. Ela chegou o a sair do coito de Angico, para ir se tratar em Propriá, poucos dias antes de tombar sem vida pelas mãos das volantes do tenente João Bezerra. 



Para comemorar este feito, o Poder Legislativo e Executivo de Paranatama, criaram, aprovaram e sancionaram em 2021 a lei do “Dia da Resistência ao Cangaço”, comemorado este ano pela primeira vez. Para lembrar a data, uma solenidade acontecerá em frente à Prefeitura de Paranatama, às 8 horas da manhã desta quinta-feira 21, onde acontecerá o lançamento do livro Lampião em Serrinha do Catimbau, do escritor Junior Almeida, obra que narra em detalhes a incursão criminosa de lampião e seus sequazes, em 19 e 20 de julho de 1935, a Serrinha do Catimbau.

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