LAMPIÃO NA REGIÃO DO POVOADO AROEIRA, MUNICÍPIO DE BOM JESUS(PB) - POR Guilherme Velame Wenzinger



 LAMPIÃO NA REGIÃO DO POVOADO AROEIRA, MUNICÍPIO DE BOM JESUS(PB)

"...Por ironia do destino, ocorreu o mais grave. Lampião e seu bando, formado por 55 cangaceiros, acamparam no sitio Logradouro, a três quilômetros de distância do povoado de Aroeira. Ele foi à propriedade do Sr. Firmino Brito. Ao chegar de frente a casa, desmontaram dos animais. Uma parte dos cangaceiros, incluindo Lampião, quebrou a porta da casa e entraram, e outra parte colocou os animais dentro de uma roça de milho verde. Ao entrar na casa, Lampião viu os meninos dormindo em redes na sala, o Capitão gritou para os companheiros:
-Não mexam com os meninos!
Nesse momento o dono da casa, Firmino Brito, estava fazendo boca de noite na residência do seu compadre Joaquim Bilac. Quando chegou correndo por volta das nove horas, Antônio Brito disse:
-Papai, Lampião está lá em casa. Firmino falou: "Como assim, meu filho?" Logo pensou: "Vão matar meus filhos"
Antônio, tenso, informou que eles chegaram e arrombaram a porta e Lampião gritou: "-Cadê seu pai?" Antônio respondeu que ele estava viajando. Lampião olhou para os meninos dizendo:
-Não tenham medo, não vou fazer nada com vocês. E disse mais - Seu pai é sábio, ele jogou no veado! E acrescentou: - Diga a seu pai que quem esteve aqui foi Capitão Virgulino, vulgo Lampião.
Um dos meninos, Zuza de Brito, presenciou tudo e, quando abriram as malas, procurando objetos, encontraram e tocaram Harmônica(fole de oito baixos), pois Firmino Brito era tocador de fole. Durante a noite inteira os cangaceiros ficaram com o rifle de lado e cartucheira encruzada no peito conversando.
Enquando isso os animais permaneciam dentro da roça de milho. Foi uma noite de muito medo naquele mês de Maio de 1927. Nessa mesma noite, um morador do sitio Logradouro, conhecido como Ferreira, ouvindo o barulho dos cangaceiros, saiu correndo em direção ao povoado Aroeira: "-Lampião tá no Logradouro."
Aí foi um corre-corre geral, era mulher gritando, meninos chorando, outros em silêncio, mas todos procurando fugir para as matas. Nessa noite não ficou ninguém no povoado. A maioria correu para o sitio Cipó, outros para Cabaceira e sitio Escurinho, ficando no povoado apenas dois senhores: Mestre Brito e o delegado Raimundo Felino, que mandaram um recado para Lampião pelo mesmo portador, Ferreira de Chicão:
-"Diga a Lampião, que temos uma peia ensebada para o seu lombo!"
Depois disso foram para um lugar estratégico, na estrada do povoado e se posicionaram de um lado e outro do outro do corredor, com a seguinte proposta: Quando Lampião fosse entrando que chegasse igual com as pedras(que ainda hoje existem localizadas ao lado da maternidade), abririam fogo contra Lampião, e correr em sentido contrário. Porém esse plano não foi concretizado, o famoso Lampião nunca apareceu no povoado.
Do sitio Logradouro, o bando saiu em direção ao lugarejo, chamado de Canto do Feijão, atual Santa Helena, lá houve um grande tiroteio que culminou com a morte de um líder do lugar, o senhor Raimundo Luiz da Silva. Nesse mesmo ano, Lampião levou para fazer parte de seu bando: Antônio Chagas, Joaquim Bilac e João Luciano. Durante sua trajetória nessa região, Lampião nunca entrou no povoado Aroeira, mesmo com o recado forte do Ferreira. Até hoje não se sabe o motivo. Se foi temor, ou por respeito, uma vez que o povoado pertencia ao município de Cajazeiras e Pe. Cícero do Juazeiro que foi aluno do Seminário, pediu certa vez para que Lampião nunca atacasse a esse lugar."
Fonte: Livro "História(s) do/de Paraíbano - Volume II - Entrelaços de Famílias." Dos escritores: Leopoldo Gil Ducio Vaz, Delzuite Dantas Brito Vaz e Eliza Brito Neves dos Santos.
Na foto abaixo está Zuza de Brito, o menino que esteve presente e presenciou aos 12 anos a passagem de Lampião em sua casa. Zuza nasceu no ano de 1915 e faleceu em Março de 2003.

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