RETRATO GENÉTICO DO BRASIL: O TRÁFEGO EM NÚMEROS (Parte final)


O TRÁFEGO EM NÚMEROS

Segunda conclusão da pesquisa: a proporção dos escravos vindos do oeste africano não foi a mesma para todas as regiões brasileiras. Os geneticistas Sérgio Pena e Vanessa Gonçalves analisaram amostras de sangue de 120 paulistas que se consideravam negros, bem como aos seus pais e avós. Resultado: 40 % desses paulistas apresentavam material genético típico do oeste africano.

Essa proporção, no entanto, foi menor no rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, segundo artigo das geneticistas Maria Cátira e Tábitaa Hünemeier da Universidade 

federal do rio Grande do Sul (UFRGS) , publicado no American Journal of physical Antropoly. Dos 94 negros cariocas, 31% herdaram de seus antepassados a genética do oeste africano, que também esteve presente  em 185 dos 107 gaúchos.

Para tentar entender as diferenças, foi a vez dos geneticistas saírem em busca de fatos históricos que confirmassem seus resultados. Foi aí que conseguiram entender as discrepâncias nos percentuais dos três estados.

Nos séculos 16 e 17, os africanos da costa oeste chegaram aos portos de Salvador e Recife foram trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar. porém, aos mais tarde, com a decadência da produção açucareira, parte dessa mão de obra se deslocou para os cafezais que floresciam em São Paulo. Daí o Estado apresentar uma maior proporção de descendentes de escravos oriundos da costa oeste.

Já a geneticista Maria Cátira Bortoloni acredita que a baixa   concentração de indivíduos originários da região em Porto Alegre aconteceu por uma causa indireta: 80% da mão de obra africana do rio Grande do Sul vinha do Rio de Janeiro, que recebia escravos de todos os  lugares. Os escravos do sul também  vieram de Moçambique ( no sudeste africano), mas em menos proporção (12%). Principalmente depois que a Inglaterra aumentou o controle sobre os portos africanos situados no Atlântico, muitos deles tiveram alterados seus registros de entrada como sendo originários de Angola.

MAMMA ÁFRICA

Outro resultado encontrado pelos pesquisadores é que, embora tenham vindo muito mais homens do que mulheres, o negro brasileiro contemporâneo traz em seu material genético uma contribuição bem maior das mães africanas. Ou seja, 85% dos negros brasileiros têm uma ancestral africana, enquanto a herança genética de um antepassado  (homem) escravo é de 47%. O restante  dos negros brasileiros, em sua linhagem paterna, apresentou a genética de sua ancestralidade europeia.

Esses dados, vieram confirmara teoria do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre que em seu clássico ensaio sobre a formação do povo brasileiro, escrito em 1933, relatou que as mulheres da senzala exerceram um fascínio todo especial sobre os senhores de engenho, brancos de origem europeia e que habitavam a casa-grande.

SAIBA MAIS                                                                                                                                         +

- Rede Virtual de Memória Brasileira, da Fundação   -Brasil:500 anos de povoamento, IBGE, Rj 2000

 Biblioteca nacional, Rj                                                  -Em Costas Negras, Manolo Florentino,             http: bodigital.bn.br /redememoria/escravidao.html/  -       Companhia das Letras, 1997                       

Fonte:LEITURAS DA HISTÓRIA , EDIÇÃO: 51, Junho de 2012


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