A VIDA DE UMA PIONEIRA; Cenira Sampaio foi a primeira capitã da Seleção Brasileira de futebol feminino



 EDITORIAL

A história de Cenira Sampaio, que você confere nesta edição, revela algo que vai muito além da mera questão esportiva. Isso porque, além de ser a primeira capitã da Seleção Brasileira de futebol feminino, a ex-jogadora—e hoje moradora de Santa Catarina—é uma pioneira também na cobrança por condições iguais às mulheres em relação aos homens. O que  em2023 se tornou uma discussão imperativa, numa sociedade machista, já era liderado por Cenira três décadas atrás no âmbito do futebol. Pode parecer pouco, é verdade, mas na prática é o início — discreto — da busca pelo fim do preconceito e por cenários mais atrativos às competições em que elas jogam. Ao questionar reconhecimentos completamente díspares entre as seleções masculina e feminina, ao reclamar da falta de equipamentos esportivos adequados e ao relatar a reação às piadas mal-intencionadas sofridas, Cenira mostra que, em plena década de 1990, já era uma mulher forte e de luta. Não foi capitã à toa e expôs, como diria o falecido escritor uruguaio Eduardo Galeano, que o futebol realmente é o espelho do mundo: brigou contra preconceitos, enfrentou o sistema e provou que a maternidade não é um empecilho à mulher trabalhadora—mesmo que o trabalho seja jogar futebol.

De 1991 a 2023 muita coisa mudou no planeta. O brasileiro, por exemplo, aprendeu a olhar o futebol feminino não como um subesporte do próprio futebol, e sim como uma nova forma de torcer. Marta, claro, foi essencial neste processo. Quando 70 mil pessoas lotaram, em plena quinta-feira, o Maracanã para assisti-la comandar a Seleção ao ouro contra os EUA, 16 anos atrás, Pan do Rio, a Rainha consolidou um protagonismo. O cartaz com a inscrição “Não vi Pelé, mas vi Marta” era o resumo do sentimento e do respeito do torcedor: sim, a melhor do mundo estava debaixo dos nossos olhos. Os últimos quatro anos também foram fundamentais no processo. Depois da Copa do Mundo de 2019, forçou-se uma alavanca ao profissionalismo do futebol feminino no Brasil. Clubes das Séries A e B tiveram de, obrigatoriamente, manter elencos femininos, mais transmissões passaram a ser feitas em TV fechada.

e aberta e especialistas e comentaristas em futebol feminino começaram a ter mais espaço em debates. Tudo evoluiu e muito, é verdade, mas ainda

pode ser melhor. Muito melhor.

Neste Mundial que começou esta semana, sorte à Seleção! E vida longa às pioneiras! Ao questionar reconhecimentos completamente díspares entre

as seleções masculina e feminina, Cenira mostrou em plena década de 1990 que já era uma mulher de luta.

Fonte: Jornal de Santa Catarina  -DE 22 A 28 DE JULHO DE 2023 |








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