Autismo e amizade - Por Flávia Marçal

 


A ciência já destacou os diversos benefícios de fazer amigos, seja pelas fontes de felicidades que as amizades possibilitam, pelo suporte

social ou ainda a noção de pertencimento que são adquiridas pela troca de experiência, cultura e visões de mundo. Entretanto, para algumas

pessoas com autismo fazer amigos pode ser um desafio enorme e frustrante na medida em que as dificuldades com as habilidades sociais se apresentam como um fator determinante no desafio que o ato de interagir traz.

Por isso, saber quais dicas fazem sentido na hora de fazer amigos são diferenciais que precisam se ensinados e mediados se entendermos que as relações humanas até nos trazem algum aborrecimento, mas seus benefícios seguem sendo fator preponderante na saúde cognitiva.

Inclusive os relacionamentos são um marcador de aumento de longevidade como apontado pela Harvard University através do Grant Study, um dos maiores estudos longitudinais com 75 anos de coletas e análise de informações. Então, como começar a fazer amigos e/ou ensinar seus filhos com autismo a fazer amigos? Procurar pessoas com interesses semelhantes aos seus pode ser um passo inicial importante, já que pessoas com autismo tendem a ter hiperfoco em áreas que sejam de muito interesse e paixões de outras.

Valem músicas, jogos, animes, filmes, livros, entre outros. Todo mundo gosta de algo e certamente ficará impressionado com a vastidão

de seu conhecimento.

Para isso busque eventos temáticos. Cosplay, jogos, bibliotecas, saraus e outros espaços abrem portas para conexão de interesses.

Comunidades on-line também são um caminho interessante e devem ser supervisionadas por responsáveis ou tutores em casos onde haja a necessidade de suporte para autoproteção, Falar sobre você ser autista também pode facilitar bastante as perspectivas que tanto você quanto seu possível amigo terão, mas esta será sempre uma decisão sua e diz respeito ao quanto esta condição é significativa para você. Todos

nós sempre teremos pontos positivos e negativos, fruto de quem somos. Mostrar a nossa melhor metade e os nossos principais desafios

pode ajudar a quem está ao nosso lado. Treinar para conseguir iniciar uma conversa é algo valoroso. Perguntar sobre quais interesses uma pessoa tem ou o que ela gosta de fazer quando está de férias abre várias possibilidades de diálogo e torna a aproximação mais natural.

Essa mediação pode ser feita até mesmo por pais e terapeutas em treinos de habilidades sociais, considerada também uma prática com vidência científica.

Estas e outras dicas podem ser encontradas no site da organização inglesa “Ambitious About Autism”. O site possui um vasto conteúdo

de apoio ofertando material de fácil leitura para pessoas com autismo e suas famílias. Encerro dedicando este artigo aos amigos Lucelmo

Lacerda e William Chimura e relembrando Mario Quintana que com maestria afirmou que “a amizade é o amor que nunca morre!”. Vale a pena

conferir e experimentar o prazer que pode ser estar na companhia do outro. Autismo e amizade.

                                                                                            Flávia Marçal é advogada, professora e gestora do Grupo Mundo Azul

Flávia Marçal flavia_marcal84@yahoo.com.br

Fonte:     JORNAL O LIBERAL - BELÉM, QUARTA-FEIRA, 19 DE JULHO DE 2023


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