A EDUCAÇÃO E O AMOR - POR LIZZI BARBOSA



Papo de Marisqueira - Com Lizzi Barbosa

A Educação e o amor


Muito se ouve sobre amor e educação. Uns acham
que professor tem que trabalhar por amor, outros que
precisa amar ser professor. Tem, ainda, aqueles que
pensam que amor, nada tem a ver com a educação.
Um dos maiores pensadores da educação, também
foi Mestre em falar de amor: Paulo Freire. Para ele “O
amor é uma intercomunicação íntima de duas
consciências que se respeitam. Cada um tem o outro
como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se
do outro”. Diante disso, é possível conceber a
educação como um ato de amor. Não o amor
romântico que foi inventado para aprisionar e insiste
em ser justificativa para sacrifícios desumanos. O
amor que compartilha e interliga dois olhares, o amor
que liberta, que abre portas e que mais que mostrar
caminhos, os cria. Está cada vez mais difícil amar a
docência. Tenho pensado muito no que significa
trabalhar com amor. Sou professora. Não tenho
regalias, ganho mal, trabalho muito, atendo crianças
em realidades que, mesmo nas minhas piores
dificuldades, eu pensei em ver ou sentir. Compro meu
próprio material e também já comprei e ainda
compro o material de muitos alunos. Também tenho
perdido a voz, as vezes a sanidade e uma imensa
falta de vontade me invade. Mas eu estou lá, todos
os dias. Já briguei para sentar direito, para lavar o
nariz, para colocar o casaco, para não bater no
coleguinha e nem levar pra casa materiais que não
lhes pertencem. Ensino a sentar e comer, no
refeitório, a pedir licença e a dizer “boa tarde” para
as Tias da Merenda, para o Tio que cuida o pátio e
para qualquer visitante. Hoje peço para guardar o
celular, ou que sejam respeitosos com os
professores, que mantenham mínimo de civilidade,
que não digam palavrões. Ouço os problemas
familiares; oriento nos relacionamentos precoces.
Peço para que façam fila, quase imploro por
silêncio. Mas nunca, em muitos anos de magistério,
pedi amor, ou neguei amor. Amor é um elo
sustentador da ação docente. Sempre aparece de
forma gratuita, recíproca, espontânea. Sou uma
professora banana, sem domínio de turma, sem
pulso, molenga... tantos adjetivos descrevem minha
incapacidade de manter meus alunos quietos,
parados e silenciosos. Mas sei que sou amorosa e
sou amada, mesmo sem entender muito bem como
isso acontece. Isso faz valer a pena? Nem sempre,
mas faço questão de ser a professora amada e
bobalhona, que não dá conta de suas turmas, mas
que dá espaço para florescimentos.
“Quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a
qualificá-lo e quantificá-lo, já não está amando” –
Paulo Freire.
Fonte: Jornal O Marisqueiro - RS

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