CANGACEIRO ÂNGELO ROQUE - O LABAREDA
Por Beto Rueda
Ângelo Roque da Costa nasceu no sítio Quixabá, município de Tacaratu - Pernambuco, em 1910, de uma família humilde mas respeitada na região.
Conheceu o crime após matar o soldado Horácio Caboclo, o "Couro Seco", por questão com a sua irmã de nome Sabina Roque da Costa, de apenas quinze anos.
Depois do crime foi perseguido pelo pai de Horácio, André Caboclo que o atacou com uma facada, mas ele sobreviveu. Meses depois, fingindo uma viagem, voltou e matou o velho também.
Após esse novo assassinato a sua casa foi cercada e um intenso tiroteio resultou a morte do seu irmão João de Deus e sua esposa Ozana, que deixou um filho. Ângelo Roque conseguiu escapar. Sua casa e as propriedades da família foram queimadas.
Ameaçado, pediu amparo ao coronel João Sá que era amigo do seu pai. Permaneceu um tempo na fazenda do seu protetor, próximo a Jeremoabo - BA.
Tempos depois andou com um pequeno grupo formado por parentes e amigos praticando crimes. Foi duramente perseguido pela polícia. Procurou Lampião e entrou para o grupo que já andava pela Bahia desde agosto de 1928.
Destacou-se mais tarde por sua valentia e liderança como chefe de subgrupo, participando de muitos combates. Sua atuação teve por palco principal o sertão da Bahia e a zona de fronteira com Pernambuco.
Esteve no coito de Angico no dia anterior ao ataque mas, gripado, ficou na casa de um coiteiro e não participou do confronto com a tropa do tenente João Bezerra.
Depois da morte de Lampião em 28 de julho de 1938, permaneceu ainda quase dois anos pelas caatingas de armas na mão. No início de abril de 1940 seu grupo foi atacado pela volante de Odilon Flor nas proximidades de Bebedouro, Parapiranga - BA. Entregou-se a polícia com 12 companheiros: 8 homens e quatro mulheres. Eles e seus companheiros foram transferidos para a capital, Salvador.
Pelos seus crimes, foi julgado e condenado a 95 anos de pena, depois reduzidas a 30 anos e comutadas a apenas 10 anos de cárcere. Apesar das adversidades da reclusão, foi considerado um prisioneiro de comportamento exemplar.
Após sua saída da prisão, foi contratado como assistente do professor Estácio de Lima como funcionário público na capital baiana.
Deixou um importante testemunho do cangaço com o seu depoimento para o livro "O Mundo Estranho dos Cangaceiros".
Faleceu já em idade avançada, a 12 de outubro de 1974.
REFERÊNCIAS:
LIMA, Estácio. O mundo estranho dos cangaceiros. Salvador: Itapoã, 1965.
PRATA, Ranulfo. Lampião. 2.ed. São Paulo: Editora Paratininga, 2010.
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