O VELHO PACHECO



 Manoel Pacheco Pires era um negro rico e morador de Rio Preto em São Mateus - ES, onde possuía uma boa fazenda e muitos negros que trabalhavam para ele, cuidando do gado e da plantação de café. Ele tinha 31 anos quando se casou em 1910 com Esperança Genoveva da Conceição, de Nova Venécia, que tinha 40 anos. Dona Esperança usava um colar de ouro de três voltas no pescoço, e as toalhas de sua casa eram as melhores da região. Quando o padre ou as autoridades visitavam o Rio Preto, ela emprestava toalhas importadas, porcelanas e talheres de prata para a recepção.

Certo dia, Manoel Pacheco ficou viúvo e entrou em depressão. O fazendeiro José Daher foi comprando suas terras e adquiriu uma casa para ele em Teimoso, São Mateus, para onde se mudou com seu filho de criação chamado Cilso. Depois de algum tempo, o filho foi para Barra Seca, e o velho Pacheco ficou sozinho. O jovem João Nardoto era afilhado de Pacheco, ao ficar sabendo que o padrinho estava muito doente, foi vê-lo e ouviu que ele estava com tuberculose. Assim, João o levou para a localidade de Água Limpa para receber cuidados. O velho Pacheco se recuperou e certo dia pediu para ir para Barra Seca, pois queria morar com o filho de criação. Seu afilhado trouxe o padrinho para São Mateus, e José Daher o levou em sua caminhonete de volta ao Rio Preto, de onde o velho Pacheco seguiu para Barra Seca. Ele veio a falecer meses depois.
SURRA NO ENTERRO - Seis homens carregaram o caixão do velho Pacheco até o cemitério de Terra Roxa, que ficava a mais de 10 km de Barra Seca. A condução era feita com o caixão suspenso por duas cordas amarradas em um varão. O varão com o caixão era levantado, e os homens o carregavam nos ombros até o cemitério. Cansados e com os ombros doloridos, pararam para descansar e se lembraram de uma crença popular: bater no caixão com varas para fazer o defunto parecer mais leve. Cortaram varas no mato e começaram a bater no caixão e continuaram o enterro. Esse exercício aliviou a pressão nos ombros, criando a falsa impressão de que o peso do defunto diminuiu."
Fonte: História, Geografia e Economia de São Mateus de Eliezer Nardoto, 2016.

Comentários

AO ACESSAR ESTE BLOG VOCÊ TENHA O PRAZER DE SE DEPARAR COM AS COISAS BOAS DA NOSSA TERRA! OBRIGADO E VOLTE SEMPRE!