OS CARCARÁS INVADEM TAUÁ-CE - POR RAMSSÉS SILVA




Obs: Imagem ilustrativa do que seria o aspecto aproximado do Bando dos Carcarás

OS CARCARÁS INVADEM TAUÁ-CE

Por Ramssés Silva 

Joaquim Domingues Moreira (filho), filho de Joaquim Domingues Moreira e Francisca Xavier Tavares, vulgarmente conhecido como Joaquim "Moqueca", era um dos líderes do famigerado Bando dos Carcarás. Os Carcarás eram um clã político-familiar dos Sertões dos Inhamuns-CE, integrantes do Partido Conservador do Império que tinham como figura central e líder maior Francisco Fernandes Vieira, o Barão de Icó.

Em torno do Barão (que depois viraria Visconde), estava todo um complexo jogo de interesses políticos que controlava boa parte da Província do Ceará. Para isso, Francisco Fernandes Vieira se valia de uma milícia particular; jagunços encouraçados, montados a cavalo e armados até os dentes com peixeiras, punhais, lazarinas e bacamartes. Esse era o Bando dos Carcarás, liderado, entre outros, por Joaquim Moqueca e seu tio, o padre Francisco Ferreira Santiago. Francisco Fernandes Vieira (o Barão de Icó) e seu sobrinho Gonçalo Batista Vieira (o Barão de Aquiraz) financiavam as ações do Bando e os protegiam de represálias. Inclusive, Umbelino Moreira Lima, magistrado formado na Faculdade de Direito do Recife e irmão de Joaquim Moqueca, é que defendia juridicamente os interesses do grupo.

O Bando dos Carcarás esteve envolvido na morte do padre Ignácio Ribeiro Mello em 1849, na fronteira com a Província da Paraíba, assunto que irei abordar, separadamente, em outra ocasião.

Enfim, Joaquim Moqueca, sempre acompanhado de seu compadre Manoel da Rocha Oliveira (meu pentavô), de Victoriano José da Rocha (meu tio-pentavô), Serafim José da Rocha, Ponciano Lopes Galvão e tantos outros que compunham o bando, passaram a vida nesse contexto belicoso, duelando e brincando com a morte, em prol dos interesses dos seus correligionários. Incrivelmente, vários delesalcançaram a senilidade.

Conta-nos o primo Rocildo Vieira Caracas que, por volta de 1872/73, quando da morte de seu tetravô Manoel Gonçalves da Silva Júnior "Gonçalvinho" (ocorrida em 11 de janeiro de 1872), Joaquim Moqueca entrou no Distrito de Marrecas, Tauá, acompanhado de sua cabroeira, com a expressa ordem do Barão de Aquiraz de vingar a morte do parente!

O intento, no entanto, não foi concretizado pois ele vinha com a intenção de matar por honra de família. Isto significa dizer que ele mataria quem da família do assassino encontrasse. Isso não foi aceito pelos familiares de Gonçalvinho pois, segundo os contemporâneos, existia amizade mútua entre as famílias envolvidas e não era um caso de rixa familiar.

Gonçalvinho havia sido morto por tiros de bacamarte e estocadas de punhal segundo a tradição oral. Obviamente, seus parentes Carcarás não deixariam isso barato e, naquele dia, Moqueca e o bando invadiram Tauá dispostos a derramar o sangue de todos os membros da família do assassino e não deixariam ninguém vivo para "contar história". O pavor se instala no pequeno povoado ao avistarem o famoso bando tendo, à frente, as figuras fantasmagórica dos conhecidos e destemidos facínoras.

Ironicamente, a família do assassino de Gonçalvinho é salva da carnificina por decisão dos próprios Carcarás, que desistem da vingança por decisão da cúpula do clã.

OBS: Imagem ilustrativa do que seria o aspecto aproximado do Bando dos Carcarás

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