FRECHEIRAS DA LAMA, SOB A MIRA DO “BACAMARTE DOS MOURÕES”.
O Clã dos Mourões, sobretudo o lendário Alexandre Mourão, protagonizou uma das páginas mais sangrentas da história da província do Ceará na primeira metade do século XIX. Baseado na histórica freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos (hoje Matriz do São Gonçalo), uma das mais antigas do Ceará, durante 16 anos (1830 a 1846) os Mourões espalharam o terror nos altiplanos da Ibiapaba e adjacências... um desafeto dos Mourões nunca estava em segurança. No ano de 1839, porém, os Mourões deram uma trégua, estavam em paz com “à legalidade”. Nertan Macedo, em “O Bacamarte dos Mourões”, afirma: “O clã rebelde volta a uma vida normal, mourejando nas suas terras da Serra Grande. Chegam mesmo os Mourões a prestar serviços à legalidade, incorporados às forças governistas que combatem os balaios (...). Tudo começou em setembro de 1839, quando os "balaios" de Raimundo Gomes, também apelidado Balaio, na devastação que faziam pelo Piauí e pelo Maranhão, achegam-se, corridos, às fronteiras do Ceará e em bandos armados começam a incursionar no território da Província, ameaçando as suas vilas e populações do Norte. Comandam tais grupos os indivíduos Pedro da Costa e Pedro Celestino, que tomam o lugar chamado Bebedor, enquanto um terceiro chefete balaio, Domingos Ferreira de Veras, ocupa Frexeiras, na Comarca de Parnaíba, no Piauí. Aí se deixam permanecer, ficar, provocando ondas e ondas de distúrbios, cujas vagas batiam na terra do Ceará. Governava a Província, naquele tempo, o Presidente João Antônio de Miranda, que naquele mesmo mês de setembro, dia 8, manda o Major Joaquim Ribeiro da Silva, da Guarda Nacional de Sobral, cercar e prender os balaios ancorados em Bebedor. As gentes do sertão cearense gostavam muito dessas lutas (...). No ano seguinte, 1840, dia 3 de fevereiro, o Presidente João Antônio é substituído no Governo pelo Dr. Francisco de Souza Martins, que também toma interesse na repressão aos revoltosos e manda socorrer o Piauí um contingente de 80 homens sob o comando do Major Joaquim da Rocha Moreira, que aumenta os seus efetivos ao passar por Sobral. O próprio Souza Martins fora pessoalmente a Sobral a fim de estimular as operações contra os balaios e a 18 de abril o mesmo presidente envia o Tenente-Coronel Francisco Xavier Torres, com uma tropa de 400 homens, juntar-se aos grupos de combatentes já organizados pelo Governo na zona norte da Província. O Tenente-Coronel Torres investe contra Frexeiras, onde se alojaram os balaios de Domingos Ferreira de Veras, a 5 de maio, dispondo os seus efetivos em quatro colunas. A primeira, sob o comando do próprio Tôrres, tem duas bôcas de fogo sob a direção do Capitão Joaquim Isidoro de Oliveira, da Cavalaria da Guarda Nacional do Ipu, organizada por Alexandre Mourão. Nesta mesma coluna havia um batalhão de caçadores de primeira linha, comandado pelo Major Joaquim da Rocha Moreira, além de um batalhão de provisórios da Guarda Nacional, do Major Inácio Pinto de Almeida e Castro. A segunda coluna, de 200 homens, tinha como comandante o Capitão do Exército Antônio José Luiz de Oliveira. A terceira, de 240 homens, o Capitão do batalhão de provisórios Simplício José da Silva. A quarta coluna, com 116 praças de cavalaria, o Major Joaquim Ribeiro da Silva. Unidos a maranhenses e piauienses, êsses cearenses desbarataram os "balaios", dispersando-os pela Serra Grande e sertões adjacentes”.
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