AÇUCAROCRACIA E FRAGMENTAÇÃO DAS ELITES NO POST BELLUM





 AÇUCAROCRACIA E FRAGMENTAÇÃO DAS ELITES NO POST BELLUM

Referindo-se à formação da elite política da capitania da Paraíba nos séculos XVI e XVII, Regina Célia Gonçalves (2007) recorda que, até a invasão dos neerlandeses, para o território compreendido pelas capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba, fazia muito sentido falar em um tronco familiar único, cujo controle financeiro e político administrativo se daria por meio dos interesses da agromanufatura açucareira sediados em Olinda.
E fora exatamente de Pernambuco, menos de Itamaracá, segundo a referida autora, de onde partira a maioria dos grupos de conquistadores que enxergava nas várzeas do Rio Paraíba a possibilidade de sua reprodução social por meio da expansão dos negócios do açúcar, do cativeiro de indígenas e do status de "homens bons". Todavia, ainda de acordo com Regina Célia Gonçalves (2007),
“tal equilíbrio foi completamente comprometido durante a presença dos holandeses e, principalmente, após o período de guerra pós restauração. O fracionamento provocado por diferentes posições adotadas pelas várias famílias, e até mesmo no interior das famílias por seus diversos membros, durante as fases de resistência à invasão, da ocupação propriamente dita e da restauração, explodiria com a querela dos engenhos”.
Ao que parece, o “post bellum” e a disputa pelo butim da guerra brasílica pusera irremediavelmente em lados opostos elites locais que tiveram um berço comum na açucarocracia olindense do século XVI. O resultado fora que esse processo desengatara a composição de outras representações do poder local – uma outra cultura política, igualmente aos moldes do Antigo Regime ibérico, mas portadora de novas definições de naturalidade e vizinhança, que passara a pleitear espaços de poder específicos e separados com relação à capitania vizinha.
Fonte: GONÇALVES, Regina Célia. Guerras e açúcares: política e economia na Capitania da Parayba, 1585-1630. Bauru: EDUSC, 2007.
Imagem: "PARAÍBA OV RIO DE SÃO DOMINGOS", carta e descrição da "PRAÍBA, CAPITANIA DE SVA MAGESTADE" publicados em “Livro que dá Razão ao Estado do Brasil" (Diogo de Campos Moreno; ilustrado por João Teixeira Albernaz I, 1612). Biblioteca Municipal do Porto.

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