Pluralidade como estratégia: o papel da liderança na construção de uma advocacia inclusiva - Fernanda Martorelli



 Pluralidade como estratégia: o papel da liderança na construção de uma advocacia inclusiva

Construir uma advocacia plural exige mais do que boas intenções, é preciso liderança comprometida, métricas claras e a compreensão de que DEI é um pilar estratégico para qualquer empresa

Por Fernanda Martorelli* 

A agenda de diversidade, equidade e inclusão (DEI) conquistou espaço definitivo na advocacia brasileira. Antes vista como tema periférico ou restrito a iniciativas pontuais, hoje se impõe como parte da estratégia, da governança e da cultura organizacional de escritórios, independentemente do tamanho, que desejam crescer de forma sustentável e conectados às transformações sociais. A homogeneidade, que por décadas caracterizou o setor, começa a ceder lugar a um reconhecimento inadiável de que pluralidade gera soluções jurídicas mais criativas, aumenta a confiança dos clientes e fortalece a relevância social da profissão. 

Um levantamento da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Social ouviu mais de 150 escritórios de advocacia em todo o país e revelou que 75% deles tratam da DEI em sua missão, código de conduta, valores e compromissos, e 78% valorizam a diversidade e os princípios de equidade de oportunidade na contratação. Apesar desses avanços, os dados expõem a distância entre intenção e prática: mais de 80% dos escritórios ainda não realizam censos internos de diversidade, o que dificulta mensurar avanços e identificar lacunas. Construir equipes verdadeiramente plurais requer mais do que políticas no papel, exige monitoramento, metas claras e compromisso de longo prazo.  

 O recorte de gênero traz um exemplo eloquente desse desafio. As mulheres representam a maioria nas posições de entrada — 69% entre advogadas juniores e 66% entre plenas — mas continuam minoria nos cargos de liderança. Essa disparidade reflete um funil de ascensão profissional que não pode ser ignorado. Escritórios que enfrentam esse desequilíbrio de forma estruturada comprovam que diversidade não é apenas imperativo ético, mas vantagem competitiva, pois ao adotar políticas de contratação afirmativa para negros e pardos, incentivar a participação de profissionais 55+, abrir espaço para pessoas com deficiência e investir em ambientes inclusivos, fortalecem não só sua excelência técnica, mas também sua capacidade de inovação. 

Boas práticas nesse sentido já se multiplicam. Programas de mentoria e aceleração de carreira, treinamentos sobre vieses inconscientes, glossários de linguagem inclusiva, debates internos e a valorização de datas simbólicas não apenas educam, mas moldam a cultura organizacional para que a pluralidade seja vivida no cotidiano, e não só celebrada em discursos. 

Os resultados são ainda mais evidentes quando se fala em liderança feminina. O relatório Women in the Workplace 2024, da McKinsey, analisou mais de 280 organizações e 10 milhões de colaboradores, e mostra programas de mentoria, desenvolvimento de carreira e metas de inclusão aceleram a ascensão de mulheres, especialmente em cargos estratégicos, e correlacionam maior diversidade de liderança a ganhos em inovação e desempenho. 

 A advocacia brasileira, portanto, está diante de uma escolha clara: permanecer em estruturas ultrapassadas ou assumir um papel protagonista na construção de um setor mais justo, competitivo e conectado ao futuro. Equidade não é concessão, é investimento em sustentabilidade, inovação e reputação. Cabe a cada liderança jurídica transformar compromissos em legado e pavimentar o caminho para que a profissão seja reconhecida não apenas pela excelência técnica, mas também pela capacidade de ser motor de transformação social. 

**Fernanda Martorelli é CEO de Martorelli Advogados, onde lidera a transformação de desafios em oportunidades por meio de uma gestão estratégica, inovadora e voltada à eficiência. Com sólida experiência em Legal Operations e planejamento estratégico, atua diretamente na otimização de processos, construção de uma cultura de inovação e no desenvolvimento contínuo da equipe. 

Sobre Martorelli Advogados: Fundado em 1983, é um escritório full service com presença em Recife, Maceió, São Paulo, Salvador, São Luís, Brasília e Teresina – e atuação nas áreas cível, empresarial, trabalhista, tributária, energia e ambiental. Reconhecido por aliar tradição, excelência técnica e inovação, o escritório investe em tecnologia de ponta, como o sistema de inteligência artificial BOB, para otimizar a gestão jurídica e a prevenção de litígios. Com uma equipe multidisciplinar e políticas sólidas de diversidade e inclusão, Martorelli Advogados entrega soluções jurídicas alinhadas às necessidades de grandes empresas e ao dinamismo do ambiente de negócios. 


                                                         Fernanda Martorelli/Martorelli Advogados
 

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