De Virgulino a Lampião- Parte I

ESTAMOS NO COITO DE QUEM?
DE VIRGULINO A LAMPIÃO - SAMA MULTIMÍDIA - PARTE I
“Mas o destino impiedoso
Foi cruel para comigo
E a sorte caprichosa
Me impôs este castigo
Quando eu não esperava
Nem em tal coisa pensava
Tinha terrível inimigo!”
Estrofe do rei Lampião
Pelo ano de 1894 apareceu na ribeira do Pajeú, em Pernambuco, à procura de trabalho, um rapaz de cor branca e bem apresentável. A sua idade devia orçar pelos 25 ou 26 anos. De estatura pouco acima da mediana, era homem musculoso e possante. Tinha um olhar comunicativo e penetrante qual águia, e vivacidade que denunciava uma indomável energia. Chamava-se José Ferreira da Silva. Caboclo resoluto estava ali! Ativo e trabalhador de gênio expansivo e folgazão, estava ele sempre disposto, pronto a acorrer solícito em auxílio de quem quer que lhe pedisse os seus préstimos.
Tempos depois José Ferreira constituiria família, contraindo núpcias com uma jovem da localidade, Maria Lopes, tendo-se revelado sempre bom e zeloso chefe da numerosa prole que lhe dera o matrimônio. Teve nove filhos: Antônio, Livino, Virgulino, Virtuosa, João, Angélica, Ezequiel, Maria (conhecida como Mocinha) e Anália. A sua propriedade denominava-se Passagem de Pedras, um pedaço de terra desmembrado da fazenda Ingazeira, pertencente a Manuel Ferreira de Lima, às margens do Riacho São Domingos, situado no município de Vila Bela, Pernambuco.
Homem diligente e trabalhador incansável, em poucos anos conseguiu transformar, com sacrifício, sua sitioca num aprazível logradouro em que botou prosperação: umas trinta reses, alguns animais, roçados de algodão-mocó e de legumes, e, sobretudo uma tropa de doze fortes burros, bem arreados, de almocrevar. Além de bom peão, exímio vaqueiro e agricultor, cumulava também a profissão de almocreve. É a almocreveria mais uma das formas que os desventurados habitantes daquelas plagas longínquas, relegadas por governos e regimes ao mais criminoso olvido e abandono, desenvolveram a fim de garantir a sobrevivência. Essa rude e penosa tarefa era desempenhada por ele e por seus filhos chegando a cobrir distâncias de trezentos a quatrocentos quilômetros por cidades, vilas e povoados para vender as mercadorias que levavam, viagem cuja duração é indefinida podendo ser de quinze dias a um mês, tangendo burros que carregavam fardos de aproximadamente 80 quilos com um ganho miserável!
Seus vizinhos eram, de um lado, Manuel Ferreira de Lima e, de outro, João Nogueira. O primeiro era completamente diferente do segundo. Este, soberbo e ambicioso, queria ser o maior fazendeiro daquela ribeira e com pretensões à chefança política da mesma. E se mordia de inveja e despeito diante da crescente prosperidade de Manuel Ferreira, incansável empreendedor cuja fazenda crescia nas vistas e se avantajava das mais em toda a ribeira, e com quem jamais pôde brigar, dado o bom senso e tenência do próprio Manuel Ferreira de Lima.
Pegada com a Ingazeira, pelo lado do norte, estava a fazenda Pedreira, acrescida com a fazenda Maniçoba. Pertencera ao finado Saturnino Alves de Barros, casado com D. Alexandrina, “D. Xanda”. De seus dois filhos, um se tornaria célebre: José Alves de Barros, conhecido por Zé Saturnino. Indubitavelmente, servindo também de instrumento à inveja e ambição daquele que veio a se tornar seu sogro, João Nogueira, foi ele o causador da transformação do vaqueiro-almocreve Virgulino no cangaceiro Lampião.
Alto, magro, “esperto”, mas segundo testemunhos fidedignos de familiares seus e de quem com ele lidaram, era Zé Saturnino “prepotente e arreliado, gostava de provocar e afrontar os mais”, “de pisar no cangote”. “De maus bofes, era odiento e vingativo. Encanecido e pisado pelo tempo e pelas lutas, por remorsos e pavores, se traiu no ódio sopitado e insatisfeito contra os irmãos Ferreiras, depois de mais de quarenta anos já mortos!
A questão, começada e sustentada por Zé Saturnino contra os Ferreiras, não se originou de uma causa única como afirmam alguns historiadores, mas de uma longa série de causas ou co-causas que se encadearam num entrecho crescente até o rompimento definitivo com suas funestas consequências para toda a região do Nordeste. Além da já mencionada causa oculta, íntima e estimulante, ou seja, a incontrolável inveja e ambição de João Nogueira, houve uma causa primeira para o início das desavenças entre Zé Saturnino e os Ferreiras.
CONTINUA...
Fotos:
1 - O rei Lampião;
2 - José Ferreira da Silva e dona Maria Sulena da Purificação. Desenho de Lauro Villares.
3 - José Ferreira da Silva o pai de Lampião. (desenho original de Lauro Villares utilizando-se de antigos retratos) e redesenhada por Diin Laden.
3 - Dona Maria Sulena da Purificação (desenho original de Lauro Villares utilizando-se de antigos retratos) e redesenhada por Diin Laden.
Ilustrado por José Mendes Pereira
AMIGO LEITOR, NÃO TENHO O AUTOR DESTE, APENAS O SITE. MAS É UMA HISTÓRIA LEGAL. http://www.samamultimidia.com.br

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