O atentado contra a vida do Padre Cícero em 1895

 


ISSO VOCÊ NÃO SABIA
O ATENTADO contra a vida do Padre Cícero em 1895
Às 7 horas do dia primeiro de novembro de 1895, precisamente a 128 anos, cinco sujeitos mal-encarados se aproximaram ao local onde se encontrava o padre Cícero falando aos romeiros. O quinteto abrindo caminho a força, acotovelando-se entre centenas de seguidores do padre não evitaram que vissem na cintura de um deles o cabo de uma peixeira (faca). Não pareciam estar com boas intenções. Ao se aproximar e a poucos passos do padre, esbarraram a um grupo de beatas vestidas de preto formando assim um escudo humano. Os cinco homens até quis chegar mais perto, mas as beatas não permitiram. Houve um princípio de tumulto, um empurra empurra até se ouvir um grito de dor de uma beata que se feriu por uma das facas. Uma clareira se abriu no meio daquele mar de gente e outro grito foi ouvido. "Querem matar meu
Padinho Pade Ciço".
Quando se ouviu o grito “Querem matar meu Padinho Ciço”, os cinco homens desembainharam as facas e foi um Deus nos acuda, enquanto as beatas protegiam o padre, escoltando-o com seu próprio corpo, outras foram feridas tentando proteger o seu mentor, retirando-o ileso daquele redemoinho de gente. Os agressores cercados por todos os lados, eles apontavam as facas na direção de quem se aproximava, quatro deles conseguiram escapar a muito custo, debaixo de pontapés e sopapos, ficando o quinto homem prontamente desarmados, tornando-se alvo de safanões e pancadas e por pouco não foi linchado. Nunca se provou quem organizara o atentado ao Padre Cícero, mas os romeiros e os nativos da Cidade foram unânimes em imaginar um suposto culpado por trás desse incidente. O Vigário do Crato, o padre Alexandrino.
Se o Padre Alexandrino havia mandado cinco cabras para tentar contra a vida do padre, não seria difícil organizar um pequeno exército de 5 mil carabinas para dar o troco e atacar o Crato. Padre Cícero, conclamava ao povo a serenar a sede de revanche. “Não deem gosto ao satanás, a melhor arma contra a rixa é o estandarte da fé, é a cruz que faz esmorecer os diabos dos infernos”, costumava pregar Padre Cícero. Padre Alexandrino ficou indignado, logo escreveu ao Bispo para solicitar que Dom Joaquim comunicasse as autoridades sobre o estado de insurreição no Cariri, requerendo o envio urgente de tropas oficiais e, ao mesmo tempo, a decretação de uma intervenção civil na região. O Espírito da revolta, semeado pelas atitudes de Padre Cícero, estava alastrado por tojo o Juazeiro, Alegava. O Povoado, que agora possuía perto de 20 mil moradores, incluindo a população flutuante de romeiros, transformava-se em paiol de pólvora, prevenia Padre Alexandrino.
Dom Joaquim não pediu reforços, mas sabia que o atentado contra Cícero em 1° de novembro de 1895, era apenas o desaguadouro de uma série de insatisfações que se acumulavam desde o início daquele último ano. Alexandrino tinha um longo rosário de queixas a desfiar. Em março daquele ano a Beata Maria de Araújo contrariara as ordens do Vaticano e abandonara a casa de caridade em Barbalha. Ele ainda tentara demovê-la daquele ato de indisciplina que julgava insano, más a beata não se convencera do perigo que corria em persistir em tamanha desobediência.
“Se vou ser excomungada mesmo, só por defender o milagre de Nosso Senhor Jesus, por que querem que eu continue nesta casa? Que queres mais de mim? Teria perguntado Maria de Araújo. “Não tenho mais nada a fazer aqui”, disse, antes de juntar seus trastes e ir de volta para o Juazeiro, acompanhada dos irmãos que foram apanhá-la em Barbalha.
Impedidos de ter missas na capela de Nossa Senhora das Dores no Juazeiro, os juazeirenses e adeptos do Padre Cícero continuavam a boicotar a igreja do Crato, recusando a aceitar as benções de Alexandrino. Com isso, sem fiéis para ministrar sacramentos Alexandrino vias os cofres da paroquia cada vez mais vazios. Vinham daí boa parte de sua insatisfação, de acordo com o que se depreendia de sua correspondência com Fortaleza.
Foto de – Padre Antônio Alexandrino de Alencar e Sua irmã Dona Matilde

Trechos do livro (pag. 209 a 212): Padre Cícero. Poder, Fé e Guerra no Sertão - de Lira Neto

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